Possíveis spoilers da franquia no decorrer da análise. Leia por sua conta e risco.
Não sou daqueles fãs que estão na franquia desde o início dela, Like a Dragon, ou mais popularmente conhecido como Yakuza, mas adquiri um carinho especial por ela nesta nova sua nova fase. É uma franquia que tem anos de história, não atoa estamos no oitavo jogo. Antes exclusiva de PlayStation, hoje a franquia da SEGA está alcançando um público record, sem contar que este é o jogo da franquia cuja avaliação é a melhor, por parte da crítica especializada.
Bom, Yakuza: Like a Dragon, sétimo jogo da franquia, foi lançado em 2020 e fez um sucesso bem grande, principalmente aqui no Brasil. Isto pois, pela primeira vez na história, a franquia estaria sendo localizada em nossa língua, mesmo que apenas pela presença de legendas. Apesar de entender inglês, sempre senti preguiça de jogar um jogo da franquia por conta da localização, confesso que a gameplay também não me agradava, mas o principal ponto era a localização.
Mas outro fator muito importante que me fez embarcar nesta franquia era o fato deste jogo ser basicamente um soft reboot, tendo um novo personagem e uma nova jogabilidade. Alguns podem me chamar de chato, e eu compreendo o motivo, mas jogo por turnos não é muito a minha vibe, o que me colocou uma pulga atrás da orelha. Mas decidi apostar e adquiri o jogo o mais rápido possível (assim que ele ganhou o recurso).
Eu não poderia ter feito uma escolha melhor, pois me apaixonei pela franquia e pelo seu universo de uma maneira que não esperava. E isso não apenas com o Ichiban Kasuga, novo protagonista da franquia, como também com o Kiryu Kazuma, o protagonista anterior. Isto pois, apesar de termos um grupo totalmente novo, toda a história que moldou a franquia ainda estava ali, assim como os personagens que estiveram presentes nela.
Um grande ponto positivo deste jogo é que eu, imagino que com outras pessoas também, que não possuíam familiaridade com a franquia, se sentiram confortáveis ao jogá-lo, sem a sensação de estar perdendo algo. E sinto também que aqueles que já eram fãs dela também não tiveram a sensação de desrespeito na franquia, afinal, aquilo que eles amavam estava ali, de uma maneira diferente? Sim, mas em seu estado mais puro possível.
Após muitas horas de jogo, me apaixonei pela franquia a ponto de jogar The Man Who Erased His Name, uma DLC standalone do sétimo jogo. Apesar de ser bem mais curto que os jogos costumam ser, entendi muitas coisas que, como novato na franquia, nunca iria saber sem ter jogado os jogos anteriores. E comecei a dar mais importância a outros personagens da franquia que antes eu não tinha tanto conhecimento.
Like a Dragon, apenas
Então, finalmente chegamos a 2024, com um início de ano muito quente para aqueles que gostam de JRPG. Só este início de ano tivemos o Like a Dragon, Granblue Fantasy: Relink, Persona 3, e ainda teremos mais pela frente. Neste sentido, recomendo pensar bem antes de escolher adquirir algum destes jogos, pois eu tive a árdua missão de analisar tanto o Like a Dragon quanto o Granblue Fantasy, cuja review chega em breve.
Ter os dois jogos sem precisar adquiri-los é um grande privilégio, isso não posso negar. Porém, os dois lançaram muito próximos, e não os recebemos antes do lançamento, o que acabou atrasando um pouco os planos. Mas uma coisa não estava nos meus planos, que é o fato de o Like a Dragon ser gigante.
Like a Dragon: Infinite Wealth vai exigir pelo menos umas 60 horas de jogo para finalizá-lo, o que é bem grande para os jogos mais tradicionais, apesar de comum em RPGs de grande escala, principalmente os orientais. E ele não possui essa grande duração atoa, em todo esse tempo, novos conteúdos estão sempre aparecendo, a história não te deixa desgrudar da tela. Mas é isso, se eu pudesse definir este jogo em uma palavra: GIGANTE.
Como já disse, a franquia é bem antiga, sendo este o oitavo jogo só da linha numerada, e em cada um dos jogos, uma coisa nova era adicionada. Afinal, um jogo novo precisa de mais do que apenas uma história nova, e assim a franquia Yakuza fez. Então, é possível imaginar que no sétimo jogo da franquia, tínhamos uma quantidade de conteúdos bem grande, mas não apenas isso.
O jogo que antes era um combate em tempo real, ganhou uma infinidade de elementos de RPG, afinal, este é o novo gênero que a franquia se encaixa. Além do combate por turnos, tivemos novos minigames superinteressantes, um tipo de bestiário ao estilo Pokémon (Sujimon), a implementação de níveis, armaduras, armas de diversos tipos com dano de diversos elementos, entre outras coisas.
E tudo isso que já havia sido introduzido no jogo anterior, foi muito evoluído e expandido, fazendo com que você avance horas e horas no jogo e ainda assim sejam introduzidos novos elementos no jogo. A quantidade de coisas que podemos fazer no jogo me deixou definitivamente impressionado.
Muita luta (de muitos tipos)
Começando pelo combate, se mantém a fórmula que tivemos no jogo anterior, por turno. Mas o combate ficou mais dinâmico pelo fato de que agora temos uma área na qual podemos nos locomover antes de atacar. Isso nos possibilita encontrar um ângulo ideal para realizar certos ataques, possivelmente otimizando sua área de acerto e até mesmo a quantidade de dano que o inimigo irá sofrer.
Desta vez, mais botões podem ser utilizados em combate, o que na teoria deixaria ele mais complexo, não é mesmo? Porém, aqui, isso funciona de forma totalmente diferente. Isto pois, para uma ação que no jogo anterior requeria clicar em vários botões diferentes (usar um disque-ajuda por exemplo), neste jogo, a ação pode ser realizada com um simples botão.
A variação no combate de personagem para personagem também está bem maior, visto que alguns deles possuem mecânicas únicas. Por exemplo, um dos personagens possui a capacidade de mudar de postura durante a luta, dando golpes diferenciados para cada uma das posturas. Isso sem contar quando o jogo entrar num modo de combate em tempo real quando utilizamos um tipo de ataque especial.
Falando em ataque especial, aqui também temos algumas diferenças. Eles ainda existem, como citado no exemplo acima, mas agora também temos ataques em equipe. Podemos atacar tanto em dupla quanto com toda a equipe unida, utilizando uma barra de energia secundária. Porém, para realizar este ataque, é necessário melhorar os relacionamentos com os personagens da equipe.
Uma outra diferença significativa neste jogo é que não possui mais a possibilidade de escolher o nível de dificuldade do jogo ao iniciá-lo. Por conta disso, recomendo seguir a risca os níveis indicados pelo jogo em pontos chaves, para evitar frustrações como perder um tempo muito grande e uma missão e não conseguir finalizá-la. Digo isso por experiência própria, pois sofri deste problema no jogo anterior.
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Quem é esse Sujimon?
Assim como no jogo anterior, cada personagem tem seus tipos de ataques específicos, porém, a quantidade de personagens disponíveis neste jogo aumentou bastante, e isso, além de variar bastante a história, varia também os combates. Mas, caso queira, é possível mudar totalmente o estilo dos personagens utilizando as ocupações. Elas já existiam no jogo anterior, e por meio delas, era possível trocar os ataques dos personagens conforme o tema da ocupação.
Lembra que falei acima sobre os Sujimons? Bom, temos muitos novos neste jogo, ou seja, a quantidade de inimigos disponíveis aumentou bastante. Agora, ao andarmos pela cidade, podemos encontrar inimigos “especiais”, que são identificados por meio de uma coroa. Este tipo de inimigos geralmente fica parado em um lugar específico até derrotá-lo. Derrotando-o, é possível liberar a área, que pode te trazer boas recompensas.
Assim como no jogo anterior, as cidades são patrulhadas por diversos inimigos andando de um lado para o outro. Ao entrar no radar deles, logicamente batalhamos. Estes inimigos têm indicativos de poder, caracterizados pela cor em cima da cabeça. Quanto mais poderoso, mais trabalhoso obviamente, mas também, melhor será a recompensa ao sobreviver.
Os combates urbanos, quando perdemos, uma fatia de dinheiro é perdida, além dos itens que utilizamos na luta. Já os combates principais da história, podemos utilizar nosso dinheiro para retornar ao combate da forma que terminamos, ou gastar uma quantia melhor para retornar ao combate com vida cheia. Caso não queira gastar dinheiro, vai ser necessário reiniciar a missão.
Um novo mundo
Como citamos as cidades, aqui temos dois mapas de mundo aberto, aquele que encontramos no primeiro jogo, o Japão. E agora neste novo jogo, somos introduzidos ao Havaí, um mapa completamente novo. O Japão, apesar de ser um mapa já conhecido, podemos explorar ele totalmente, procurar os inimigos que existem somente nele, entre outras coisas.
Porém, as novidades estão mesmo no mapa do Havaí, obviamente, o visual é totalmente novo, com inimigos igualmente novos. A sensação que tive é que este mapa é bem mais vivo, os NPCs que andam por ali são bem diferentes, bem mais variados, existem mais carros, também variados, mais ambientes acessíveis, incluindo um shopping com uma grande variedade de lojas.
No primeiro jogo tínhamos um grande mapa, que precisávamos andar/correr para atravessá-lo, ou utilizar os táxis para realizar uma viagem rápida. Neste jogo, temos a introdução de um tipo de tipo de patinete, daqueles que vemos os seguranças de shopping usar, sabe? Por meio deles, podemos nos locomover de forma mais rápida, mas não livremente. Isso pois ele tem uma bateria, que só é recarregada pagando.
Um (muitos) jogo dentro de outro
Outra evolução que tivemos no jogo foi em seus minigames… Para quem conhece a franquia, sabe que os minigames são algo bem presente em Yakuza e divertidos a ponto de ficarmos horas e horas preso neles. Em Infinite Wealth, não poderia ser diferente e, na verdade, a escala é muito maior, pois os minigames estão muito mais complexos.
Este jogo trouxe muita inspiração da vida real para dentro dele, e grande parte disso é visível nos minigames. Temos um minigame que simula um app de relacionamento estilo Tinder, que possui interações surpreendentemente complexas. Existe um que nos coloca para realizar entregas no melhor estilo Crazy Taxi.
E dentre os minigames, existe um que é bem parecido com um Animal Crossing da vida, com todas as suas complexidades. Os minigames são realmente impressionantes, no mínimo. Ah, e não podemos esquecer dos torneios de Sujimon presentes no jogo, muito semelhante com Pokemon, mas com suas particularidades. E além de todos esses minigames (e muitos outros), temos uma infinidade de colecionáveis espalhados pelo mapa.
Um tapa no visual
Mudando um pouco de assunto, vamos um pouco para a parte técnica do jogo, começando pela parte mais simples: sua trilha sonora. A famosa soundtrack do jogo é exatamente aquilo que já estamos acostumados a ver na franquia, com poucas ou quase nenhuma novidade. Está longe de ser ruim, mas também longe de ser incrível. Mas cumpre bem com a sua função.
Mas se falarmos na parte visual, nesta sim tivemos uma evolução. A diferença de um jogo para o outro não é absurda, mas é muito perceptível. Os personagens possuem mais detalhes, assim como o mapa (que, este sim, tem uma boa diferença). O mundo, como já dito, é mais vivo, e com isso, temos uma presença maior de personagens no mapa, mais animais, entre outras coisas.
Este jogo introduziu também a mecânica de nado, e a água está bem satisfatória. Se compararmos com alguns jogos disponíveis no mercado, a água deste jogo é infinitamente inferior, mas esta é uma das mecânicas mais difíceis de serem implementadas, e para uma primeira tentativa, está muito boa.
Por mais que o jogo seja bem realista em seu visual, quando falamos em efeitos e partículas, temos um visual bem mais caricato. Um exemplo disso é o sangue no jogo, que apesar de transmitir o peso que ele precisa trazer, visualmente é bem simples e acaba destoando um pouco do visual do jogo.
Esta é a minha primeira vez jogando um jogo da franquia principal de Yakuza em 60FPS, pois o jogo anterior comecei a jogar no PS4 e ele não possui a função de transferir o save para o PS5. E bom, a diferença de jogar nesta faixa de frames é absurda e finalmente neste jogo existe a possibilidade de transferir o save entre os consoles.
Gigante é a definição de Like a Dragon: Infinite Wealth
Porém, se tem algo que é o ponto forte da franquia, é a sua história. E neste jogo não poderia ser diferente. Bom, como de costume, não comentarei muito a fundo sobre a história para evitar (mais) spoilers neste texto, mas falando de forma superficial, a história deste jogo é impecável, digna da franquia.
Como é de costume em jogos orientais, por vários momentos temos muita encheção de linguiça, mas ainda assim, temos uma história muito completa. Ao iniciar, achei ela legal, mas diferente do que estava acostumado. Porém, conforme a história avançava, mais e mais eu via a assinatura da franquia.
A história me surpreendeu pois ela tem um peso muito maior do que os outros jogos que tinha jogado. Não que os outros jogos sejam leves, mas este possui alguns momentos bem sombrios e mexe com temas mais pesados do que esperava. E ela é um primor, com personagens bem escritos, um mistério que te prende na tela, diversas reviravoltas e muitas lutas.
Dito isso, novamente, não há definição mais exata do que aquela que já citei anteriormente: este jogo é simplesmente GIGANTE! Você vai encontrar horas e horas de conteúdo, muita diversão, vai rir, vai chorar e no fim vai sentir falta. E esta franquia é incrível exatamente por isso. Este é, com certeza, um dos maiores jogos do ano e merece ser experimentado por todos aqueles que tem condição.
Like a Dragon: Infinite Wealth já está disponível para PC, PS4, PS5, Xbox One e Xbox Series X/S. Chave enviada pela SEGA Brasil!
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