Alan Wake 2: O Escritor e a Agente do FBI – Review

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Você não pode parar de ler. Por favor, eu te peço. Uma história é uma via de mão dupla: enquanto o escritor escreve, o leitor deve ler. Se não, não há história. Esse é nosso review não convencional de Alan Wake 2.

Tente não piscar muito. Não deixe a escuridão se apoderar da sua vista tanto assim. Mesmo que seja por frações de segundo. Não vai levar mais do que algumas poucas piscadas, se você piscar pouco.

Terror em Bright Falls

Eu preciso que você atravesse a porta e entre no texto, por completo. Apague as luzes, pegue um café. Não tem porquê não mergulhar fundo neste mar de palavras. Afinal de contas, fizemos um pacto há alguns parágrafos.

A história que vou contar se passa em uma pequena cidade do interior do estado de Washington, nos Estados Unidos. Típico lugar para curtir um entardecer em uma casa de veraneio na beira do lago. Ou talvez ficar dentro do lago. Exceto se alguma coisa viesse do lago. O lago. lago. O lago.

Desculpe. Tentarei não utilizar mais essa palavra daqui para a frente. Afinal de contas, um bom texto evita repetições em excesso. Nos arredores dessa cidadezinha existe um CENSURADO chamado Cauldron Lake. Perdoe-me pelo uso da palavra novamente, mas está em inglês. E é nome próprio.

Muitas coisas vêm desse lugar. Gente. Talvez assombrações. Alguns podem dizer que é o próprio diabo. Outras, que é um anjo. Mas, não se preocupe. Não fique com medo. Eles temem a luz. E depois temem as armas. As regras de vida e morte continuam funcionando, mesmo depois da possessão. Com uma lanterna em mãos, algumas pilhas e umas balas, tudo vai dar certo.

É ideal que se evite os arredores desse lugar à noite. E você deve tomar muito cuidado com pessoas mascaradas por aí. Algumas querem que o terror aconteça. Rituais. Danação. Coração. Assassinato.

Bem-vinda, detetive Anderson.

Os agentes

O telefone de Saga Anderson tocou em algum lugar distante. Ela aceitou a ligação. Trabalho. Alguém foi assassinado. Ritual de magia negra, talvez. Bright Falls, Washington. Alex Casey, seu parceiro, vai junto.

Casey significava café na viagem. Em cada parada. Em todo lugar. Café e mais café. Café para salvar. Café para manter a mente sã.

A mente que Saga Anderson guardava para si mesma, onde organizava seus casos e os perfis de suspeitos e testemunhas. Um lugar seguro. Um lugar só dela. Um Lugar Mental.

Como nossa protagonista é esperta (e o manual do FBI mandava), ela estava sempre preparada: lanterna para locais escuros. Uma arma de fogo, ou duas, ou três. Quantas coubessem. Tomara que arranje mais espaços nos bolsos do jaquetão do departamento, ela pensava.

A seita

Bright Falls não é assim um lugar tão brilhoso, como o nome indica. É lindo. Só nas horas certas, no entanto. A fauna local é celebrada. Um grande festival acontece anualmente. O Festival do Cervo.

Alguma coisa ameaça a paisagística cidadezinha. Uma seita. Rituais macabros. Coisas estranhas começam a acontecer. Saga Anderson está na delegacia com o corpo que teve um órgão arrancado. O corpo está nu. Certamente, essa história não tem nenhum pudor. O autor não se importa em mostrar os ferimentos horríveis, o sangue, a mutilação. Nem a nudez. Frontal. Nada erótica, mas impactante.

O ritual macabro parece não ter terminado. A vítima é um ex-colega do FBI, desaparecido há treze anos. As luzes piscam. Algo ruim vai acontecer. Fique na luz, Saga! Não deixe que ele te pegue. Lanterna. Armas. O que tiver à disposição. Atire. Mire na cabeça. Mas, se for acertar em outro lugar, não tem problema. Só tome cuidado: a munição logo vai acabar. As pilhas da lanterna também. Ninguém quer ficar no escuro com uma seita macabra fazendo rituais por aí.

O escritor. Preso no pesadelo.

O escritor de Alan Wake 2

Do outro lado da porta, há outro escritor. Você ainda está comigo, leitor? Claro que está. Se não, eu já teria parado de escrever.

Esse outro escritor é Alan Wake. Ele está preso. Condenado. Autossacrificado. Ele está em um lugar escuro. Ele precisa escrever. Não pode parar de escrever. Muita coisa depende disso. Ele depende disso. De repente, o mundo se importa com a arte, a literatura, com um homem que inventou um personagem famoso, Alex Casey. Não, não o do FBI. O verdadeiro Alex Casey. O fictício Alex Casey. O policial de seus livros. E que inspirou outro personagem, de um videogame.

Ele aparece aqui. É como um guia. A criação guiando o criador. Seria cômico se a situação não fosse trágica. O escritor precisa encontrar inspirações por aí. Pelo Lugar Obscuro. Um mundo que não é o mundo real, mas que é também. Afinal de contas, em meio a tantas páginas, em meio a tantas teclas na máquina de escrever, quem pode dizer o que é real ou não?

Ele se insere na história. E insere Saga Anderson. Alex Casey. E mais gente. Tudo para escapar desse lugar. Em um loop desenfreado de acontecimentos sinistros, escrever parece ser a única coisa possível de salvá-lo.

As palavras revelam

A escrita é poderosa. Alan sabe disso. Ele só precisa se inspirar e fazer tudo se encaixar em uma história de terror. E assim, cada vez mais ele chegaria perto de sair dali. De retornar para a superfície, para longe do CENSURADO.

Um homem o entrevista. Lá dentro, no Lugar Obscuro. É como se tirassem sarro dele. Há um momento em que toca uma música de rock’n’roll para ele. Seria uma homenagem, se ele não soubesse que era um escárnio. Boa piada. Ele até sorri. Um momento que ficará para a eternidade. Não só em sua mente. Mas na mente de todos que viram. Na sua também, leitor. Não se esqueça do escritor, do seu personagem e do apresentador de talk show dançando ao som de Old Gods of Asgard.

Wake não tem tempo para isso, no entanto. É muita palhaçada com sua situação terrível. Querem pegá-lo. Matá-lo. Ressuscitá-lo. De novo. E de novo. De novo. E de novo.

Ele encontra os locais que precisa. Entra na história. Reescreve. Muda os cenários. As inspirações vêm. Os inimigos também. Cuidado, senhor Wake. Jogue sua luz nas sombras. Agora atire. Faça com que a história mude o suficiente para que você consiga sair daí.

Essas imagens… De onde vêm?

Ligue o jukebox

Você está lendo tudo isso sem ligar sequer uma música? Leitor, o que você está fazendo? Uma história de terror tem tudo a ver com o clima. E a música ajuda muito. Está sem seus fones? Sem uma caixa de som? Não se preocupe.

Pense em sons angustiantes. Uma sombra persegue. Pilhas? Já eram. Balas? Nenhuma. Corra. A música intensifica. Barulhos graves. Pesados. É de ficar de cabelo em pé, não é mesmo?

Em uma história de terror como a nossa, também há momentos em que o mistério supera o terror. Sabe a esquisitice? A estranheza? Ela deve estar presente para o leitor continuar engajado. Não há muito disso aqui em nosso texto, eu acho. Sim, nosso texto. Eu só escrevo porque você lê, lembre-se.

Nesses momentos diferentes, talvez um rock’n’roll. Uma banda. Bateria. Guitarra. Distorções. Metal. Arte!

Luz e sombra

Nenhuma obra de arte consegue atingir o real. Ela sempre deve estar em busca de uma estética. O nosso texto só pode ser tão bom quanto sua imaginação quiser. Vou tentar ajudar.

Imagine uma escuridão terrível. A lanterna ilumina vegetações. É a floresta. Pouca luz se permite incidir em tal densidade. Isso certamente ajuda em uma história de terror, certo?

Aplique poucas luzes em locais habitados, para dar o clima. Você até pode se perguntar o porquê de estar tão escuro um lugar com pessoas dentro! Deve ser o zelador que esqueceu de ligar todas as luzes.

Assim é a nossa história de terror. Escura. Personagens bizarros, que não se importam de estar à meia-luz dentro de um prédio.

Ah, e o sangue! Não se esqueça do sangue. Violência. Gore. Crime. Ritual. Bruxaria. O DEMÔNIO!

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A mente vê aquilo que é descrito.

Clique

Eu te disse que você iria piscar poucas vezes durante nossa review de Alan Wake 2. Assim são os bons textos. Não que o nosso seja. Mas, ei!, nós chegamos até aqui. Tem de haver algum valor nisso, certo? Afinal de contas, é só sobre a maior história de terror já contada. Um triunfo do entretenimento. Um show. Literatura. Videogame. Filme. TV. Música. ARTE!

CLIQUE!

Agora, você já pode piscar normalmente.

Alan Wake 2 já está disponível para PC, PlayStation 5 e Xbox Series X/S. O que achou de nossa review? Caso tenha gostado de nossa review de Alan Wake 2, comente aqui embaixo e compartilhe com seus amigos!

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Professor de História / Jogador de videogame nas horas vagas / Escritor de textões pela internet
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