Night Springs: histórias do Remedyverso – Review

A primeira DLC de Alan Wake II adiciona mais temas ao universo da Remedy, em três episódios.

Alan Wake II Night Springs

Alan Wake II foi lançado em 2023 e se tornou um jogo aclamado, sendo alardeado como o melhor do ano por vários portais, sendo indicado na categoria pelo The Game Awards e inclusive faturando a estatueta do mesmo prêmio por Melhor Direção de Jogo. Em junho, a empresa finlandesa lançou o primeiro DLC: Night Springs, e agora em outubro, o segundo: The Lake House.

Juntamente com o lançamento deste último conteúdo, os finlandeses lançaram o jogo em mídia física em um pacote com as duas DLCs e mais o primeiro Alan Wake.

Mas e aí, você se arrisca a entrar, mais uma vez, na espiral de loucura que é o Remedyverso? Nesta postagem, falaremos do primeiro DLC de Alan Wake II: Night Springs.

A Fã Número Um

O primeiro episódio de Night Springs, protagonizado por Rose. Twitter.

O primeiro DLC, Night Springs, é dividido em três episódios jogáveis do programa homônimo criado no jogo, que é uma paródia de The Twilight Zone, um programa americano dedicado a falar de bizarrices, eventos sobrenaturais, extraterrestres e afins.

No primeiro episódio, a personagem principal é Rose, a atendente do café de Bright Falls, obcecada pelo escritor Alan Wake. O episódio conta com um conteúdo bastante focado em ação, lembra até mesmo Left 4 Dead, The House of the Dead e outros jogos que são focados em enfrentar hordas de inimigos.

Nele, ela deve perseguir um motoqueiro muito parecido com um certo alguém, enquanto atira em haters zumbificados (chamados de trolls, no jogo – que já parece um termo em desuso na internet nos dias de hoje) que atacam em hordas. A munição é abundante, então é mais focado em se divertir dando tiro por aí.

O episódio lida com temas de megalomania, doppelgangers e egocentrismo, mas não adiciona muito ao universo. Dos três episódios, acaba sendo o menos interessante, apesar de divertido, trazendo uma vibe que lembra Alan Wake: American’s Nightmare, do Xbox 360 e PC.

A Estrela do Norte

No segundo episódio, a diretora do DFC vai encarar os horrores do Lugar Escuro. Twitter.

No segundo episódio, as coisas começam a esquentar, pois jogamos com a diretora do Departamento Federal de Controle: Jesse Faden. Infelizmente, sem os super poderes obtidos pelo contato com o Conselho do Departamento.

Aqui as coisas já se parecem mais com o que conhecemos de Alan Wake II: uma jogabilidade mais cadenciada, poucos inimigos e uma atmosfera mais misteriosa e horripilante.

Passando-se no parque de diversões do jogo base, Jesse se encontra com um personagem que possui uma parte relevante, porém misteriosa, na aventura principal. Acompanhada da entidade Polaris, Jesse investiga o parque à procura de seu irmão, enquanto luta contra os taken, inimigos que aparecem no Lugar Escuro.

Como todo o DLC se passa em um episódio de TV, não é muito possível inferir se as coisas ali aconteceram mesmo ou se são só imaginações dos produtores do próprio programa. Piadas com café e uma conspiração governamental (ou não) fazem parte do cardápio de Jesse Faden em Alan Wake II.

Curtinho, porém com mais exploração e mistério do que o primeiro, o episódio também é abundante em munições, o que ajuda a não deixar as coisas tão tenebrosas. A atmosfera opressora e a escuridão, no entanto, estão ali. O jogo de luzes vermelhas em uma parte do cenário vai acabar trazendo lembranças do maravilhoso Control.

Os temas aqui são variados e lidam com realidades paralelas e entidades paranormais (ou paranaturais, como são chamadas pelo universo da Remedy).

Rompedor do Tempo

No terceiro e último episódios, Tim Breaker encarna várias versões de si mesmo. Twitter.

O terceiro e último episódio é o mais experimental dos três e simplesmente coloca o jogador na pele do ator que interpreta Tim Breaker, personagem bastante misterioso de Alan Wake II. Aqui, a quebra de quarta parede é constante, inclusive interagimos com o próprio Sam Lake. O diretor e roteirista do Remedyverso e a face icônica dos primeiros Max Payne e do personagem Alex Casey se colocou dentro de seu próprio jogo, como ele mesmo.

É o episódio com mais diálogos e explicações. Aqui, o jogo muda em vários momentos: em certa parte, é como jogar Alan Wake II, depois jogamos um fliperama, lemos um quadrinho e adentramos até mesmo em uma aventura em texto, típica dos RPGs do início dos PCs.

O mais interessante é a possibilidade de um jogo exclusivo do personagem em algum momento, pois todas essas mudanças de jogabilidade ocorrem devido à sua capacidade de andar por várias linhas temporais e vários mundos, conhecendo as várias possibilidades. Seu arqui-inimigo, o Mr. Door (que também é o apresentador de Night Springs), também tem essa capacidade, de cruzar as “portas”.

A aventura de Tim Breaker em seu episódio (que se chama Time Breaker, em inglês) é um estudo de caso do próprio trabalho desenvolvido pela Remedy e as muitas possibilidades dos videogames e da cultura pop, ao mesmo tempo em que essa grande brincadeira adiciona muito ao multiverso criado pelos finlandeses.

Você é o convidado em… Night Springs

A soma dos três episódios é satisfatória e traz novos rumos e possibilidades ao Remedyverso. São DLCs que falam mais sobre ele, do que sobre Alan Wake II em si. Apesar de um primeiro episódio mais pastelão e sem muito a adicionar, os dois seguintes são muito interessantes e são obrigatórios para quem gosta das loucuras de Sam Lake.

Professor de História / Jogador de videogame nas horas vagas / Escritor de textões pela internet