Atomic Heart – Review

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Por muitos anos acompanhei os vídeos do desenvolvimento de Atomic Heart, que sempre possuiu uma estética bem “esquisita”, mas no bom sentido. Parecia um jogo bem ousado nesse sentido, com uma inspiração visível em Bioshock, mas com sua própria personalidade, e isso manteve a minha expectativa lá em cima.

Porém, tive a possibilidade de experimentar de vez o jogo e ele não é exatamente aquilo que eu esperava, mas também não significa que ele é ruim. Aquela sensação de que o jogo tinha um visual “ousado”, ou experimental, foram por água abaixo e recebi um jogo bem mais comercial do que eu esperava.

O gráfico é bem abaixo daquilo que já haviam exibido nos vídeos de desenvolvimento, mas talvez seja devido a necessidade de se adaptar aos consoles mais fracos (vulgo Series S), ou apenas por questões orçamentais. Como disse, o jogo se tornou bem mais comercial, porém, não é um estúdio com orçamento ilimitado, ou seja, talvez cortes tenham sido feitos.

Apesar disso, como comentarei com mais detalhes mais para frente, não foi uma experiencia decepcionante, mas diferente daquilo que eu realmente achei que teria. Mas vamos por partes! Primeiro, vamos comentar um pouco sobre todo o contexto narrativo que o jogo se passa…

A Rússia num passado futurista

Disse que visualmente o jogo não me parecia mais tão inovativo e estranho quanto parecia nos updates de desenvolvimento, mas o jogo está longe de não possuir um visual original. O jogo se passa num passado, pós segunda guerra mundial, mas que é tecnologicamente evoluído a ponto de estar muito a frente da nossa realidade.

Nesse universo utópico, após a guerra a Rússia evoluiu cientificamente de forma muito superior a todas as outras nações deste universo. E essa evolução científica é vista tanto na forma tecnológica quanto arquitetonicamente. Vemos cidades inteiras voadoras, cheias de vida e avanços que, no momento, podemos apenas sonhar com.

E como uma boa história que envolva a URSS, o cenário político é totalmente dominado pelo comunismo, e vemos uma Rússia que exala alegria, ainda mais com a não necessidade de trabalhar. Isto pois uma das invenções mais importantes nesta realidade são os robôs, que são diversos e variados.

Uma hegemonia mundial

Existem robôs para várias das tarefas mais cotidianas e deixam a vidas dos cidadãos bem mais confortável, o que os faz viver sempre em festas. Essa hegemonia na robótica faz com que a Rússia seja uma potência mundial, exportando sua tecnologia até mesmo para nações poderosas como os Estados Unidos.

Mas esse grande trunfo da Rússia se torna um problema quando um cientista hackeia os robôs de uma determinada base, fazendo com que eles ataquem os civis, coisa que na teoria eles não seriam programados para fazer. E é então que tomamos controle do Major, com a missão de encontrar este cientista e controlar os robôs hackeados antes do lançamento mundial do Kollective: uma tecnologia que permitiria as pessoas a controlarem os robôs com a mente.

Nesse contexto, o jogo se inicia, e é aí que, para mim, entra aquela crítica que comentei de o jogo se tornar muito, mas comercial do que imaginava. A questão do comunismo pode ser uma crítica (ou não), mas fora isso, a história não é tão impactante, ou talvez, seja previsível demais.

Apesar de diversas reviravoltas, o jogo se provou ser menos ousado que imaginei que seria nesse sentido. Sabe aquela vontade de querer ser algo grande? O jogo tem muito disso, mas parece que não teve o orçamento necessário para concretizar este desejo. Mas apesar disso, é uma experiência satisfatória com uma história legal, mas ainda assim, aquém daquilo que eu esperava. Mas vamos entrar um pouco na questão do gameplay…

Um Bioshock russo

Bom, em relação a jogabilidade, é um jogo de ação em primeira pessoa com alguns elementos de RPG. É um jogo de ação de fato pois temos batalhas do início ao fim, com combates tanto corpo a corpo quanto a distância. Temos um arsenal variado de armas em ambos os tipos de confrontos, e cada uma das armas pode ser aprimorada em diversas partes diferentes.

Além de podermos evoluir as armas, o personagem também pode evoluir em alguns aspectos, como aumentar a barra de vida, a barra de energia, a capacidade do inventário, entre outras coisas. A barra de energia é uma coisa importante no jogo, pois algumas armas a utilizam como munição, sendo ela recarregada ao dar golpes corpo a corpo.

O jogo tem três níveis de dificuldade inicialmente, quantidade essa que dobra se levarmos em consideração no “new game+”. E é um jogo que é bem desafiador mesmo no nível médio, mas que, para mim, se torna cansativo até mesmo fisicamente. Digo isso pois, alguns inimigos só podem ser derrotados com ataques corpo a corpo, e para isso é necessário apertar o gatilho de forma repetida por muito tempo pois enquanto não evoluímos suficiente a arma, a vida dos inimigos desce de forma bem lenta.

Combates frenéticos, mas pouco variados

Falando em relação aos inimigos, temos uma certa variedade de inimigos, mas ainda assim, com o passar do tempo, a experiência começa a se tornar meio repetitiva. Existem alguns inimigos bem chatos de serem derrotados, o que não é necessariamente ruim, mas quando eles aparecem diversas vezes, acaba se tornando cansativo.

O jogo possui algumas batalhas contra chefes, e como disse, existem combates muito repetitivos. Muitas dessas batalhas contra chefes, enfrentamos exatamente os mesmos inimigos, só alternando o cenário. Porém, existem também algumas batalhas únicas, no sentido de serem inimigos que enfrentamos apenas uma vez, pois em questão de gameplay, todas são bem “genéricas”.

Em compensação, os inimigos mais comuns são mais variados, sendo necessário utilizar de diferentes estratégias para derrotar cada um deles. Apesar de no final se tornar repetitivo também, conforme já disse, as diferentes estratégias fazem com que o jogo se torne bem dinâmico requerendo um raciocínio rápido para superar as situações.

O jogo tem uma forte inspiração em Bioshock, não que isso seja algo incomum, mas que neste caso é bem escancarado. Os inimigos são basicamente uma reprodução dos inimigos presentes na franquia da Take Two, com uma skin diferente. Isso não é ruim, afinal, Bioshock até hoje é um jogo incrível, e que em Atomic Heart, vai além de somente uma inspiração.

Temos um mapa para desbravar

O jogo possui um mapa mundo aberto do qual podemos explorar, porém, isso será feito de forma totalmente opcional. Isso porque em termos de história principal, o mapa mundo aberto serve apenas para ser atravessado para chegar nas missões, que ocorrem em ambientes mais lineares.

A maior parte do jogo, passaremos andando por cenários fechados, procurando formas de atravessá-los, resolvendo puzzles e, obviamente, enfrentando muitos inimigos. Mas o mundo aberto não é totalmente inútil e pode ser explorado, e isso agrega na gameplay de forma razoável.

Como disse anteriormente, as armas que temos no jogo podem ser aprimoradas, e para isso, precisamos de alguns recursos que podem ser adquiridos por meio de loots nos cenários e aqueles adquiridos ao derrotar os inimigos. Mas alguns dos aprimoramentos das armas só podem ser desbloqueados ao utilizar recursos específicos.

E estes recursos só podem ser adquiridos em locais determinados no mapa, e para isso precisamos nos locomover até lá. Para isso, além de sermos capazes de atravessar o mapa correndo, podemos também arriscar algumas manobras de parkour bem básicas, além de que podemos também utilizar alguns carros e nadar também.

Mas atravessar o mapa não é uma tarefa simples atravessar os mapas, pois ele está totalmente lotado de inimigos, de forma até exagerada. Em geral, nas travessias, o cenário parece ser bem repetitivo, sempre com locais gramados, porém, o jogo possui alguns pontos específicos que são diferenciados, geralmente áreas na qual temos missões próximas, sejam elas principais ou secundárias.

E quanto a parte audiovisual?

Sem compararmos com os vídeos de desenvolvimento que vimos no decorrer dos anos, os gráficos estão muito inferiores, mas ainda assim, está bonito. Este é um dos aspectos em que vemos a citada falta de orçamento do jogo, mas levado em consideração este ponto, o jogo vai muito bem.

Os cenários são bonitos, com diversos elementos e a forma que os cenários reagem quando ao loot é muito bem-feita. Mas, apesar de bem-feita, não tem nada de muito especial. O mesmo pode ser dito em relação a parte sonora, que é bem simples, e de certa forma, parece até mesmo desconexa em alguns sentidos.

 

E vale a pena, afinal?

Bom, apesar da pequena decepção que tive com o jogo, não dá para negar que o jogo é sim bem divertido. E, muito bem-feito mesmo sendo produzido por uma equipe razoavelmente pequena. A história é um ponto que poderia ser melhorado, mas ainda assim é bem completa, tendo inclusive mais de um final.

É um jogo que sim, vale a pena, pois vai te dar algumas dezenas de horas de diversão. E que está inclusive no Game Pass, que deixa ainda mais acessível. Tive alguns bugs no decorrer da campanha, alguns que inclusive me atrapalharam na progressão do jogo. Mas foram coisas bem específicas que, no geral, não deve ser muito comum.

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