Big Festival 2023

O Save State esteve presente no BIG Festival 2023, que aconteceu em São Paulo, trazendo para o público novidades, palestras e muitos e muitos streamers. Mas antes de falar sobre minha experiência no evento, vamos fazer uma breve viagem no tempo.

O BIG Festival começou como um evento dedicado aos jogos indie, criando um espaço onde desenvolvedores independentes poderiam brilhar. Mas, em 2022, o Omelete Company – responsável por grandes nomes como o streamer Gaules, a CCXP e a Game XP – adquiriu o evento. Isso marcou o fim de uma era, onde o BIG Festival era conhecido como o maior evento de jogos indie do Brasil e da América Latina.

Gustavo Steinberg, o então diretor do festival, argumentou que a mudança refletia a evolução do mercado de games, onde a linha entre jogos indie e AAA estava cada vez mais turva. Além disso, o evento passou a ter um ingresso no valor de R$50 e incorporou elementos controversos, como NFTs e criptomoedas, alterando significativamente a natureza do evento. Com essas mudanças, a pergunta que restava era: o que aconteceria com o BIG Festival como o conhecíamos?

O Big Festival 2023

Embora a BIG Festival tenha se desviado do seu foco inicial em jogos indie, fiquei surpreso com a presença significativa de desenvolvedores independentes. Empresas como o Xbox, com seu programa ID@Xbox, e a Epic Games Brasil (antiga Aquiris) tinham estandes dedicados exclusivamente a jogos indie.

Outra surpresa agradável foi a inclusão de espaços dedicados a board games e jogos VR, expandindo a diversidade de experiências disponíveis para os visitantes.

O evento ainda manteve seu compromisso com o incentivo ao desenvolvimento de jogos indie através do BIG Awards, que premiou diversos jogos nacionais e internacionais presentes no evento. Foi um alívio ver que os indies ainda tinham um espaço para brilhar. E aqui vão alguns destaques que conferi:

Varney Lake:

Este é um jogo argentino finalista no BIG Awards como Melhor Jogo da América Latina. Com um estilo que remete aos adventures de PCs japoneses antigos, ele conseguiu me cativar com sua história e ambiente.

Aqui, fui transportado para o verão de 1954, onde três melhores amigos vivem uma perfeita viagem, até que encontram um vampiro. A partir desse ponto, me encontrei ansioso para descobrir o que realmente aconteceu naquele verão em Varney Lake. Este jogo provou que uma narrativa bem construída e um estilo de arte nostálgico podem criar uma experiência de jogo muito envolvente.

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NVDA:

Um jogo brasileiro do estúdio Kraken, finalista na categoria BIG IMPACT: Melhor Jogo de Questões Sociais.

NVDA mantém o estilo visual novel, mas coloca a história em um ambiente escolar brasileiro. Mesmo jogando apenas o início, fui imediatamente sugado para a história e os personagens. Este jogo serve como um excelente lembrete de como a cultura e os contextos locais podem enriquecer a narrativa de um jogo.

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HAAK:

Saindo um pouco dos jogos totalmente narrativos, me deparei com HAAK, um jogo chinês que se encaixa no gênero Metroidvania-Platformer, esse é um daqueles jogos que passando pelo corredor me fisgou pelo visual.

Em HAAK, você joga como um misterioso andarilho em uma expedição épica através de um vasto cyber-deserto para encontrar seu irmão perdido. Com cidades e metrôs desertos para explorar, e habilidades de hack e armas para aprimorar, HAAK promete uma experiência de jogo recheada de ação e exploração.

Esses foram apenas alguns dos jogos que joguei e me impressionaram no BIG Festival 2023. A diversidade e a qualidade dos jogos disponíveis foram definitivamente pontos altos do evento, mostrando que ainda há muito espaço para jogos indie no BIG Festival.

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Nem tudo são flores

Infelizmente, o evento teve alguns pontos negativos. O primeiro e o que mais me incomodou foi a desorganização na entrada. Estive presente no dia dedicado a imprensa e convidados, demorei cerca de 1h30 para entrar no evento que estava previsto para encerrar as 20:00, só conseguimos entrar as 19:00!

Outro ponto foi o excessivo foco em influenciadores, que, embora sejam importantes para atrair um público maior, não devem ofuscar a importância dos próprios jogos e das desenvolvedoras. Além disso, a presença de grandes empresas foi menor do que esperado, deixando um vazio que poderia ter sido preenchido com mais inovações e anúncios de games.

Outro aspecto que me incomodou foi a falta de lojas e mercadorias dedicadas a games e e até quem sabe retro games. Parece que, independentemente do evento, estamos sempre vendo os mesmos produtos: camisetas, canecas e Funko Pops. Precisamos de mais diversidade em termos de mercadorias relacionadas a games.

Finalmente, apesar de toda a expectativa, a presença da Nintendo no evento foi uma decepção. Só havia jogos já lançados e nenhuma novidade. Foi uma oportunidade perdida.

O BIG Festival é um evento importante para o cenário de jogos no Brasil. Apesar das mudanças e dos desafios, acredito que o evento ainda tem muito a oferecer. Ainda assim, há espaço para melhoria. Eventos como esse devem focar em games e desenvolvedoras, além de proporcionar uma experiência diversificada e única para os visitantes.

O Brasil só tem a ganhar com eventos como o BIG Festival. No entanto, eles precisam se destacar e não serem apenas “mais do mesmo”. Eles devem lembrar que, no final das contas, são eventos de games – e devem ser tratados como tal.

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