12 de dezembro de 2019. The Game Awards. Anunciado originalmente na E3 2019 e sendo apresentado ao público no TGA de 2019, o Xbox Series X foi anunciado como o console mais poderoso já feito. E como um dos trunfos do marketing, seus 12 teraflops, superiores aos 10.3 apresentados pelo PlayStation 5, tendo o Phil Spencer inclusive falando publicamente estar satisfeito com esta superioridade.
Assassin’s Creed Valhalla. Battlefield 2042. Call of Duty: Black Ops Cold War. Call of Duty: Warzone 2.0. Control: Ultimate Edition. DiRT 5. Far Cry 5. Gotham Knights. Hogwarts Legacy. Immortals Phoenix Rising. Monster Hunter Rise. Need For Speed Unbound. Resident Evil 4. The Elder Scrolls V: Skyrim Special Edition. The Witcher 3: Complete Edition. The Callisto Protocol. Atomic Hearts.
O que todos estes jogos têm em comum? Todos eles rodam de forma superior no PlayStation, em comparação com o Xbox. E se você achou que são muitos jogos, saiba que esta lista ainda possui mais uma grande quantidade de outros jogos, inclusive alguns com acordos de marketing com a própria Microsoft, como é o caso do Atomic Hearts e o próprio Assassin’s Creed Valhalla.
E se você tem dúvida em relação a veracidade destas informações, já é de conhecimento público que a própria Microsoft está investigando o porquê de o console da Sony estar performando melhor que o Xbox que possui mais teraflops, e caso queira mais informações, é só clicar aqui.
Mas como é possível isso?
Bom, primeiro vamos saber o que é o teraflop. Mas antes disso, acho importante falar sobre alguns outros termos que são os CUs, threads e as frequências. Os CUs são as unidades computacionais, que ficam localizadas na CPU e tem sua frequência própria.
E o que são as threads? Threads são sequências virtuais de instruções dadas a uma CPU. Dito isso, multiplicando as frequências com quais as CUs trabalham junto com o número de threads que são processadas nos núcleos, temos o famoso teraflop.
Como o flop possui as mesmas unidades de múltiplos do byte e do Hertz, o termo 1 Teraflop/s equivale a 1 trilhão de operações de ponto flutuante por segundo. Ponto flutuante é um formato de representação digital de números racionais, que é usada nos computadores.
Os teraflops servem basicamente como uma métrica da performance bruta da máquina. Em geral, quanto mais Teraflops o computador, processador ou placa de vídeo atingir, mais rápido ele será e maior capacidade de processamento ele oferecerá.
Dito isso, como o PlayStation 5 está performando mais que o Xbox?
Primeiramente, é bom deixar claro que este acontecimento não se restringe apenas aos dois consoles citados. Por exemplo, hoje em dia temos um grande crescimento no mercado de “computadores de mão”, como por exemplo o ROG Ally, ou o Steam Deck.
No caso do dispositivo da Valve, é calculado uma performance de 1.6 teraflops enquanto o ROG Ally possui 8.6. De fato, entre eles temos uma diferença de performance visível, mas não tão grande quanto esta diferença de valores mostra. E se parar para pensar, o ROG possui pouca coisa a menos que o PlayStation 5, porém, a diferença performática é absurda, a ponto de não ser nem considerada.
Recentemente, a Digital Foundry, que é uma das maiores referências quando o assunto são termos técnicos, disse que “o teraflop ainda é um dado teórico que explodiu diante do Series X e que não interessa mais, nem mesmo do marketing”.
DF:”El teraflop no deja de ser un dato teórico que ha explotado en la cara de Series X y que ya no tiene interés ni desde el marketing”. Rog Ally tiene 8.6, y la Steam Deck 1.6, y desde luego la Ally no está cerca de ser una PS5. Solo una referencia para idénticas arquitecturas. pic.twitter.com/1AzDjUoW7V
— Retro Gamer (@RetroGamer_74) August 4, 2023
E olha que curioso? Não sei se vocês lembram, mas o anúncio do PS5 foi feito de forma bem fragmentada, e tivemos uma apresentação chamada de “Road to PS5”, no qual Mark Cerny, engenheiro que desenvolveu o PS5 diz que é perigoso levar o teraflop como indicador absoluto de performance.
Com o Mark Cerny após estes anos se provando correto em sua afirmação, com a recente fala da Digital Foundry e com a Microsoft evitando fazer marketing sobre a métrica, é possível chegar à conclusão de que hoje os teraflops não são mais tão importantes como antes. Claro, como um valor teórico, ele não perderá força, mas na prática, não tem feito sentido utilizá-lo como métrica.
O PlayStation 5, mesmo com menos teraflops, performa de forma mais consistente que o Xbox Series X, e isso é graças a arquitetura desenvolvida por Mark Cerny e sua equipe de engenheiros. Muito se fala sobre o SSD do PS5, mas acredito o que faz a real diferença no console da Sony é o bloco de descompressão de I/O, que foi criado para lidar com todas as tarefas que exigem recursos de GPU/CPU ou um enorme pool de memória para compensar.
A Microsoft possui o Direct Storage no PC que tem uma função semelhante, mas ainda não parece ter atingido o mesmo êxito que o PS5 possui. Mas estas questões são assunto para outro momento.
Uma teoria mais reflexiva…
Te desafio a um pensamento menos técnico que pode também explicar essa diferença: vendas. É de conhecimento geral que os jogos costumam vender muito mais no PlayStation que nas outras plataformas, isto com jogos terceiros. Talvez seja uma consequência da modalidade de serviços de assinatura com o Game Pass, no caso do Xbox, que acomoda e desmotiva os players a comprarem jogos.
Mas acredito que este fator só aumente a consequência pois essa quantidade menor de vendas existe desde antes do serviço, claro, em uma disparidade menor. Mais vendas, significa mais lucros. Se o console da Sony vende mais, ele gera mais lucro, logo, talvez seja melhor investir mais tempo do desenvolvimento na plataforma pois o retorno seria maior.
Acredito que tenha sim uma certa influência, mas temos que levar outros fatores em consideração, como a maior demora no envio das GDKs (kit de desenvolvimento), e alguns desenvolvedores falando que não é tão fácil de se lidar com ele como é com o PS5. Também tem o fato de existir o Xbox Series S que é um console com especificação muito inferiores aos dois outros, e que prende bastante o desenvolvimento pois ele precisa ter todas as funções do irmão mais forte.
Todos estes fatores geram consequências. Um exemplo da dificuldade exercida pelo Series S é o Baldur’s Gate III, que é temporariamente exclusivo do PlayStation pois o console mais fraco do Xbox não conseguiu rodar o jogo de forma satisfatória. Um exemplo em relação as vendas, são os jogos, que são muitos, e não estão presentes no Xbox pois simplesmente não vale a pena, financeiramente.
Bom, muitos são os fatores que podem explicar como o PlayStation 5 performa melhor que o Xbox, ou como o ROG Ally não é tão superior ao Steam Deck. Mas uma coisa é fato, o tão badalado teraflop hoje em dia já não é mais uma métrica de performance absoluta, e assim, chega ao fim o mito dos teraflops.
OBS: Este texto reflete a minha opinião levando em consideração as pesquisas realizadas sobre o assunto e o breve conhecimento que possuo. Não leve este texto como verdade absoluto e se houver algum erro, errar é humano kkkk.
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