ATENÇÃO: Possíveis spoilers de Final Fantasy VII Remake e de elementos de jogabilidade de Rebirth
Nas últimas gerações de videogames, a franquia Final Fantasy tem se tornado uma das franquias mais importantes para mim. Não sou dos fãs mais antigos da franquia, mas nos últimos anos tive a oportunidade de jogar vários jogos dela, que me fizeram ficar cada vez mais fã.
Ano passado tivemos Final Fantasy XVI e, apesar da imensa quantidade de jogos que saiu ano passado, do qual grande parte eu tive a oportunidade de zerar o FF foi, para mim, o jogo do ano. Este jogo tem algumas das melhores lutas contra chefes que já vi na minha história com videogames, com uma história complexa e emocionante, como é de costume com a franquia.
Mas apesar de todos os pontos positivos, o jogo possuía alguns defeitos que eram bem incômodos como o ritmo e as missões secundárias genéricas. Claro que os pontos positivos acabavam ofuscando os negativos, o que é excelente, mas ainda assim, os pontos negativos estavam ali.
Bom, em 2024 eu tive o privilégio e satisfação de jogar e finalizar Final Fantasy VII Rebirth antes mesmo de seu lançamento, e por isso agradeço a Square Enix pelo envio do código! Rebirth é uma continuação direta dos acontecimentos de Final Fantasy VII Remake e do conteúdo adicional Intermission, sendo o segundo jogo de três.
Anunciado originalmente lá na época do PS3, a primeira parte destes 3 jogos foi um jogo que fez bastante sucesso pela sua qualidade inegável e por seu gameplay que evoluiu de maneira surpreendente. Lançado originalmente apenas para PS4 em 2020, hoje também disponível no PC, FFVII Remake conseguiu expandir algumas poucas horas de jogo em uma experiência muito mais completa, contando os eventos da parte inicial do jogo e fazendo algumas mudanças na história.
História
Apesar de ter sido um bom jogo, alguns daqueles fãs do jogo original ficaram um pouco insatisfeitos com o rumo que a história estaria tomando e pelo jogo não evoluir tanto na história apesar de sua longa duração. Ainda assim, o jogo foi um sucesso de vendas incrível que nos trouxe até este momento, quatro anos depois.
Primeiro de tudo, é necessário jogar a primeira parte para entrar neste jogo, inclusive, recomendo jogar também a DLC focada na Yuffie. Hoje o acesso ao jogo felizmente é bem fácil, pois a melhor versão do jogo se encontra disponível na assinatura da PS+ e caso compre o jogo mais recente, é possível adquirir também o jogo anterior gratuitamente.
Em relação ao jogo, é incrível como a franquia, e principalmente este universo, consegue te fazer sentir algumas emoções que poucos jogos conseguem. Em 2020 eu fiquei emocionado, e novamente este ano me emocionei novamente. Evitarei spoilers do jogo nesta análise, mas uma coisa posso deixar claro, este jogo avança bem a sua história.
Novamente, acompanhamos Cloud e seu grupo, composto inicialmente pela Tifa, Aerith, Red XIII e Barret, na sua jornada para salvar o mundo de sua destruição. O caminho para cumprir esta missão não é fácil e a equipe terá de enfrentar diversos inimigos pelo caminho desde a Shinra, os Turk, centenas de variações de monstros e é claro, Sephiroth.
Como disse, não entrarei em detalhes da história, mas posso garantir que ela vai conseguir agradar tanto os fãs antigos quanto os novos. Você pode esperar uma explosão de sentimentos no decorrer do jogo, e uma qualidade absurda em termos narrativos. Grande parte das suas dúvidas serão respondidas, outras não, mas o terreno vai estar bem determinado para o último jogo da saga, que tem previsão de lançamento para 2028.
A definição de gigante redefinida novamente
Se em termos de história, o avanço é considerável, o que falar, então, da sua jogabilidade? Este ano tem sido um bom ano para RPGs orientais, dos quais tivemos alguns bons jogos como Granblue Fantasy: Relink, Like a Dragon Infinite Wealth, Persona 3 Reload, e ainda teremos Stellar Blade, Dragon’s Dogma 2, Elden Ring Shadow of The Erdtree, Visions of Mana, Shin Megami Tensei V: Vengeance, Reynatis, Black Myth: Wukong, Rise of the Ronin, entre outros.
Inclusive, quem está nas plataformas da PlayStation está muito bem servido pois todos os jogos indicados podem ser jogados no console da Sony, o mesmo não pode ser dito para os consoles da Microsoft. Final Fantasy VII Rebirth é um deles, sendo apenas possível jogá-lo no PlayStation 5, excluindo inclusive o PC até o momento, mas é bem provável que o jogo chegue a esta plataforma em algum momento.
E tendo esta grande quantidade de jogos no mesmo gênero, é difícil um jogo se destacar. A pouco tempo atrás joguei o novo Like a Dragon e o jogo é simplesmente gigante em termos de conteúdo. Imaginei que dificilmente este jogo seria batido este ano, mas Final Fantasy VII Rebirth consegue ser maior em termos de conteúdo, o que é um espanto. Este pode ser um dos jogos a serem batidos este ano na disputa de melhor jogo.
Um mar de mini games
Mas a razão de citar o Like a Dragon não é vazia, pois Rebirth segue meio que uma mesma linha em termos de jogabilidade. Ou seja, neste jogo você também encontrará aquilo que é um dos grandes diferenciais da franquia da Sega, seus minigames. E não estou falando de mini games simlples, e sim aqueles que mudam totalmente a jogabilidade, e inclusive o visual (muito divertidos por sinal).
Um dos mini games é chamado Queen’s Blood e é um jogo de carta muito divertido, se não viciante. Ele é bem semelhante a alguns jogos de cartas como Magic: The Gathering e é uma das partes fundamentais do jogo, nos possibilitando enfrentar adversários em busca de cartas poderosas, enfrentar adversários lendários e até mesmo participar de torneios.
Combate de alto nível
O jogabilidade também sofreu alguns bons upgrades a começar pelo combate. Os sistemas de combate recentes da franquia têm sido bem únicos, não é? Em Final Fantasy XV temos um combate estilo action RPG, mas com um ritmo bem único. Já em FFVII Remake, temos uma união entre os combate em tempo real com o combate por turnos, novamente bem único. Já o XVI temos um combate totalmente rack’n’slash, cheio de combos e golpes especiais.
Rebirth continua na mesma linha do VII Remake, mas com algumas adições. Neste novo jogo, continuamos com a possibilidade de termos uma equipe (ou party) com três personagens, porém, agora podemos criar diversas equipes diferentes para cada caso específico. E todas as especificações da equipe são bem detalhadas.
Cada um dos personagens possui uma árvore de habilidades bem interessantes, não é das maiores, mas com certeza está bem acima da média. Para melhorar os personagens, precisamos coletar PH, mas algumas habilidades só podem ser adquiridas de acordo com o nível de XP da equipe.
Como no primeiro jogo, em combates temos a barra de vida e uma barra de energia que, inicialmente, possui dois slots. Para usar as habilidades, magias ou itens consumíveis, é necessário utilizar estes slots, as vezes utilizando os dois de uma só vez. Temos o retorno da barra de limite que utilizamos para golpes especiais, mas desta vez temos também a possibilidade de realizar golpes em conjunto com outros personagens.
Estes golpes são bem poderoso e costumam ter efeitos passivos que podem fazer a diferença em combate. Mas para utilizar estes tipos de golpes, é necessário aprendê-los na árvore de habilidades. Além disso, temos novos personagens jogáveis e alguns não jogáveis também, que aumentam a complexidade do jogo.
Outra coisa que vale a pena comentar é que o jogo é bem acessível para todos os públicos, principalmente pelo fato de o jogo possuir diversos níveis de dificuldade. E após finalizar o jogo pela primeira vez, um nível ainda mais difícil é liberado.
Novas maneiras de interação
Mas as novidades não param apenas nos combates. Agora as interações entre os personagens, tanto principais quanto secundários, ficou bem mais dinâmico. Agora podemos selecionar em determinados momentos o tipo de resposta que podemos dar a alguns personagens. As respostas selecionadas podem alterar a narrativa levemente e alteram a relação entre os personagens.
Agora, em determinados momentos, podemos ver o nível de relacionamento acima dos personagens, na forma de um emoticon. Essa relação pode ser melhorada por meio de conversas (escolhendo as respostas que mais agradem) e na realização de missões secundárias. Cada missão agora possui um personagem da equipe relacionada, e ao aprimorar o relacionamento, podemos ter algumas boas surpresas no decorrer do jogo.
Mundo aberto absurdo
Outra coisa que evoluiu e muito são os cenários e a sua exploração. No primeiro jogo tínhamos fases lineares com algumas áreas mais abertas, mas em geral em formato de corredores conectados entre si. Este segundo jogo vai além, muito além, com um mundo aberto gigantesco.
O mundo do jogo é baseado em algumas regiões distintas, mas que se ligam uma a outra. Cada região é formada por um bioma único, e nelas encontramos animais selvagens e inimigos distintos. E a exploração destas regiões é bem cativante, pois sempre encontramos algumas surpresas pelo caminho.
O jogo não indica exatamente qual caminho seguir para chegarmos nos nossos objetivos, e por isso, podemos fazer o caminho que quisermos, mas sempre aparece algo no meio do caminho que nos chama atenção. O mapa possui diversos locais que podemos descobrir, que trazem melhorias a jogabilidade.
E eles aparecem de forma bem natural pelo cenário, como por exemplo na forma de um filhote de chocobo tentando te chamar a atenção, ou na forma de corujas que também tentam chamar atenção, ou diferentes formas de minérios, entre outras coisas. E explorar estes locais trazem melhorias na jogabilidade, por exemplo, ao ativar torres, podemos visualizar os locais por meio do mapa, podemos diminuir a dificuldade em batalhas contra invocações, entre outros.
Travessia variada
E se os cenários são grandes, ter maneiras de atravessá-los rapidamente é uma necessidade, e neste jogo felizmente temos diversas maneiras de nos locomover pelos cenários. A primeira delas, e mais variada, são os chocobos. Neste jogo, temos chocobos de diversas cores, e cada um deles tem habilidades diferentes, como escalar paredes, dar saltos de longa distancia por meio de cogumelos e planar. E para adquirir os chocobos, temos que completar alguns desafios bem divertidos.
Mas o jogo não se limita apenas a eles, em áreas mais abertas, podemos nos locomover utilizando um carro, podemos utilizar aeronaves, triciclos, e até mesmo podemos utilizar navegações. Apesar de termos um mundo aberto, algumas regiões precisam utilizar a viagem rápida para acessá-las.
Mas se você for daqueles que preferem atravessar o mapa andando, o jogo também disponibiliza muitas novas maneiras de explorar o mapa. Agora os personagens são capazes de nadar, o que pode ajudar quando quisermos cortar um caminho ou explorar novas áreas. Podemos também escalar paredes e subir em terrenos mais altos.
CINEMA
Partindo para questões mais técnicas, vamos falar sobre a parte visual e sonora do jogo, começando pela trilha sonora. Você já viu algum Final Fantasy com uma trilha sonora ruim? Bom, eu não, e este fato se mantém inalterado em Rebirth.
A trilha sonora do jogo original, lá de 1997 já era fantástica, em 2020 ela foi rearranjada a tornando ainda mais fantástica. E em Rebirth, a evolução continua, com o retorno do lendário Nobuo Uematsu trazendo nada mais nada menos que 400 músicas para este novo jogo.
E as músicas são simplesmente lindas, quase todas sendo totalmente intrumentais, mas agora com a presença de alguns elementos sintetizados que ficaram simplesmente sensacionais. E os efeitos sonoros do jogo mantém este nível alto de qualidade.
Se tratando do visual do jogo, este também é igualmente sensacional, porém, com alguns deslizes. O jogo possui dois modos de jogo, um focado na qualidade gráfica enquanto o outro foca na taxa de quadros. Os jogos que costumam ter essa possibilidade de escolha costumam ter uma diferença visível, mas não tão grande a ponto de fazer tanta diferença para o público geral. Mas neste caso, a diferença visual entre os dois modos é absurdamente grande.
Mas mesmo com estes modos, aquele que foca no visual também tem alguns deslizes. Não sei se vocês se recordam da porta no primeiro jogo, que tinha uma textura que nunca carregava, ou talvez a textura simplesmente estivesse em uma resolução muito baixa. Este problema se mantém, indo além até, pois em diversos momentos vemos texturas em resoluções tão baixas a ponto de tirar totalmente a imersão.
E este não é um caso isolado, as texturas do jogo em geral são em uma resolução baixa, e em determinados momentos se torna um pouco incômodo. Porém, a qualidade da modelagem e das animações é absurda, o que tira muito o peso dessa baixa qualidade em algumas texturas.
Aí quando entramos na modelagem dos personagens, visual dos ataques, modelagem dos objetos e cenários, o jogo fica simplesmente esplêndido. É sem dúvida um dos jogos mais bonitos da geração, não atoa pesa 145Gb.
A direção de arte é igualmente impecável, trazendo cenas em enquadramentos que poderiam simplesmente ser emoldurados. Isso sem falar nas cenas em CG que são praticamente acima de tudo aquilo que temos no mercado, assim como já acontecia no jogo anterior. As expressões faciais são muito boas também, bem superiores àquelas que vemos em Final Fantasy XVI.
Saldo final
Finalizei o jogo com cerca de 50 horas, jogando tanto as missões principais quanto as secundárias, e em nenhum momento eu me senti cansado de jogar. O jogo é divertido do início ao fim, apresentando novas mecânicas mesmo em seus momentos finais, o que torna a experiência sempre nova.
A jogabilidade é uma das melhores na franquia, se não das melhores do gênero, e é tanto divertida de se jogar quanto satisfatória de se ver. É acessível para todos os públicos com suas opções de dificuldade e maneiras dos personagens agir, e tem uma interface altamente personalizável.
O jogo está localizado em português e muito bem localizado inclusive, o que possibilita que todos consigam entender plenamente o jogo. E seu visual e sua trilha sonora, não preciso nem comentar. Um dos melhores jogos da franquia, um dos melhores do ano com toda certeza e o jogo a ser batido no ano.
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