Como um bom fã dos jogos da PlayDead como Inside e Limbo, ao ver o anúncio de Planet of Lana, fiquei imediatamente empolgado. E quando tive a oportunidade de jogá-lo antecipadamente, não precisei pensar muito antes de aceitar. E confesso que foi uma escolha acertada, pois encontrei um jogo bem decente, mas não perfeito.
Anunciado no Summer Game Fest, Planet of Lana é desenvolvido pela Wishfully Studios e chega ao consoles do Xbox e ao PC, inclusive, sendo lançado day one no Gamepass. E apesar de ser apenas um indie, fez um certo barulho em meio aos grandes AAA presentes no evento.
Do que se trata Planet of Lana?
Como já citado, o jogo possui uma clara inspiração nos dois jogos da PlayDead, ou seja, é um jogo side scroller, isto é, um jogo que andamos apenas para os lados, amplamente conhecidos como jogos 2D, apesar de o jogo claramente ser em 3D.
Apesar da inspiração, Planet of Lana vai além do que estes dois jogos fizeram, mas vamos por partes. No jogo controlamos uma jovem, e por meio dela podemos, obviamente, andar para ambos os lados, pular, agarrar, agachar, nos pendurar, nada, entre outras coisas que aprendemos mais para frente na jornada.
Porém, enquanto em Limbo e Inside, nós avançamos na jornada sozinhos, em Planet of Lana temos a ajuda no nosso leal companheiro Mui. Por meio deles é possível resolver uma ampla variedade de puzzle, e para isso, damos ordens para ele.
A mais básica delas é mandá-lo aguardar ou acompanhar, mas também é possível mandá-lo para localizações específicas, além de dar ordens para atividades determinadas, e assim como com o personagem principal, conforme e história avança, novas habilidades são desbloqueadas.
Toda a jogabilidade do jogo é basicamente baseada em companheirismo entre a jovem e o pequeno animal, e juntos, eles enfrentam os desafios da fauna e flora de seu planeta, além de outros desafios que comentarei mais a frente. Mas antes de comentar sobre estes desafios, é necessário explicar um pouco sobre…
A história de Planet of Lana
Se tratando da história do jogo, não é algo fácil de ser comentado, mas também não é difícil. Apesar desta afirmação ser um pouco ambígua, faz sentido pelo fato de muito da história do jogo ser interpretativa. Isto porque, assim como nos jogos citados nesta análise, em Planet of Lana não temos diálogos ou textos para explicar o que está acontecendo, dando a nossa imaginação a tarefa de entender a história.
Mas ainda assim, temos um contexto sobre o que o jogo se trata. Iniciamos o jogo em uma vila, acompanhando uma outra menina que pode ser apenas uma amiga ou talvez uma irmã. Neste momento, a acompanhamos e assim aprendemos as mecânicas básicas do jogo. Porém, em determinado momento, estranhos objetos começam a cair dos céus.
Estes objetos se revelam seres “extraterrestres”, e é por meio deles que temos os outros tipos de desafios que citei mais acima. Essas criaturas capturam a nossa amiga, e com isso, partimos em uma missão para encontrar e resgatá-la. Os aliens possuem diversas formas e cada uma é necessário lidar de uma forma, mas sempre é basicamente a mesma, agir de forma furtiva para encontrar maneiras de escapar ou destruir os inimigos. E isso ocorre também com os animais mais agressivos encontrados no planeta.
A missão está bem definida, então onde entra a parte interpretativa? Bom, além desta parte mais óbvia da história, conforme avançamos na jornada, vamos conhecendo um pouco mais sobre o mundo que habitamos e sobre aqueles que o habitaram anteriormente. Recebemos diversas informações, e novamente, não tem um texto ou diálogo que explique exatamente o que ocorreu, e resta a nós interpretar de acordo com o que vimos.
Um visual marcante
Novamente, mais uma comparação com os jogos da PlayDead, afinal não tem para onde correr pois foram jogos que se tornaram parâmetros para o gênero. E aqui temos mais uma diferença bem grande em relação aos jogos, que é a paleta de cores do jogo. Enquanto em Limbo e Inside tudo é bem monocromático, em Planet of Lana temos uma grande quantidade de cores.
Basicamente temos uma paleta de cores com um foco muito grande em tons esverdeados, mas que são sempre “brilhantes”. O tom verde reforça a natureza presente no planeta e suas variações de tons acompanham bem os diferentes cenários que atravessamos.
O jogo possui um estilo de arte bem bonito, que traz a sensação de se estar jogando uma pintura, e tem uma explícita inspiração nos filmes do Estúdio Ghibli. Os cenários, apesar de ser bem linear e simular um 2D, está sempre em movimento, sejam pelos animais que lá habitam ou pelas folhas em constante movimento.
Apesar da paleta de cores bem definida, passamos por diversos cenários diferentes, cada um deles muito únicos apesar de ser, na teoria, o mesmo local. E apesar de citar que a paleta de cores ser basicamente tons de verde, isto não impede que o jogo, em alguns cenários, explore outros tipos de cores e tons.
A direção de arte é bem competente também, tendo no jogo alguns takes muito bonitos, apesar de serem bem inferiores aos outros jogos da PlayDead. O jogo possui alguns enquadramentos de encher os olhos, porém, tem alguns cortes nas cenas que acabam tirando um pouco a imersão.
A imersão do jogo é reduzida pelas transições de cutscenes
Isso ocorre, acredito eu, que para carregar as cutscenes, porém, é de conhecimento geral que é plenamente possível uma sincronia mais suave entre as cutscenes e a gameplay. Antes de entrar nas cenas, sempre aparece uma tela preta, ou branca que acaba tirando a imersão.
E é estranho pois, na gameplay, estamos no local das cenas, e ainda assim temos estes pequenos cortes que acabam sendo irritantes. Mas é algo que pode ser resolvido numa futura atualização ou melhoria de performance do jogo.
Mas apesar disso, temos cenas muito bem dirigidas, que quando necessário, conseguem passar bem as sensações que precisamos sentir. Algumas cenas são caóticas, mas no bom sentido, pois é exatamente isso que ela quer passar.
Se tem uma coisa que não é destaque em Planet of Lana é a trilha sonora, que não é nem um pouco inspiradora, mas não chega a incomodar, cumprindo seu objetivo.
Resumo da opera
Planet of Lana é mais um daqueles jogos vulgarmente chamados de “padrão gamepass”. É um jogo muito bonito e divertido, que vai te render algumas poucas horas de diversão e reflexão. Tem uma história simples, jogabilidade simples, mas costumo dizer que é na simplicidade que encontramos a real diversão.
Um fator importante a ser comentado é que o jogo possui locaização em português do Brasil. Assim como suporte a uma grande variedade de outras línguas.