Hoje, o mundo se prende muito no minimalismo, na simplicidade, exemplo disso são como os logos de diversas marcas mudaram conforme o tempo para um minimalismo exagerado. A controvérsias no que vou falar, mas caminhamos para um ponto onde menos é mais, porém no mundo dos jogos, estamos sempre caminhando para uma complexidade maior.
Os jogos de grande orçamento sempre estão indo para o lado de orçamentos gigantes e jogos superambiciosos, a ponto de fazer jogos “empacotados”, sem muita criatividade pois um erro pode ocasionar uma queda muito maior. E são os jogos indies que costumam sair da mesmice. E geralmente é nele que costumamos ver o poder da simplicidade.
Season: a letter to the future está longe de explorar temas simples, mas em geral é possível dizer que este é um jogo simples. É possível falar isso do seu visual, trilha sonora, arte, gameplay, entre outras coisas, mas é impressionante o fato que este jogo, como também alguns outros, é, ao mesmo tempo que simples, muito completo.
Este jogo, ao mesmo tempo que traz uma simplicidade em geral, traz consigo um coração absurdo, tocando em temas que eu nunca tinha parado para pensar, e que de fato importa. Mas que de fato são temas fortes, humanamente falando, mas ainda assim, um tema que é leve e reflexivo.
Uma carta para o futuro
Season se passa em um mundo onde todos lidam com as consequências de uma guerra, que devastou tanto os locais quanto o mental das pessoas que neles habitam. Nós saímos da vila em que vivemos a vida inteira para conhecer e documentar tudo o que vermos pelo mundo, para que aqueles do futuro não se esqueçam dos que já passaram.
As memórias são o tema central aqui, e ela aparece para nós das mais diversas formas, sejam por histórias, objetos que marcaram de alguma forma ou por fotografias e gravações. E as mecânicas do jogo complementam bem essa ideia que o jogo traz, de forma quase que perfeita.
Devo confessar que, no momento que estou escrevendo a análise deste jogo, muita coisa está passando pela minha cabeça, e isso mostra a quão poderosa é a narrativa deste jogo. Creio que não vou conseguir expressar tudo aquilo que senti ao jogar Season, mas convido você a testar este jogo.
Quando ele foi lançado, não tive a oportunidade de jogá-lo no lançamento, mas por ser um jogo com marketing da PlayStation, imaginei que uma hora ele chegaria no serviço de assinaturas. Este momento ainda não chegou, mas a nossa grande parceira, a Nuuvem, me proporcionou essa experiência memorável.
Como o jogo funciona?
Season: a letter to the future é um jogo de exploração em terceira pessoa, no qual podemos explorar um pequeno, mas belo mundo aberto. E para explorar cada pedaço do mapa do jogo, temos uma bicicleta que nos auxilia bastante na locomoção pelos cenários.
Falei mais acima que os jogos estão cada vez mais ambiciosos, não é? Cada vez mais explosivos, com coisas acontecendo ao mesmo tempo, cheios de partículas entre outras coisas. Season vai na direção contrária e traz um jogo muito pacífico e bem calmo.
Infelizmente sou influenciado pelos jogos modernos, o que me fez ficar um pouco estressado com a lentidão aparente do jogo. Ou será que temos um problema de ritmo aqui? Bom, o importante é que uma hora eu entrei no clima do jogo, e quando esse momento finalmente chegou, percebi o quão mágico ele é.
As memórias, como já disse, são muito importantes para o jogo, tudo gira em torno delas, e uma coisa que faz parte fundamental do nosso aprendizado do mundo e entendimento da história é o nosso diário. Por meio deles, podemos entender completamente sobre cada uma das coisas e memórias que o mundo do jogo nos transmite.
Cada pedacinho do mapa tem uma página própria, e conforme vamos aprendendo sobre o mundo e sobre as pessoas, vamos preenchendo as páginas, até chegar a um ponto que tudo faça sentido. E o preenchimento das páginas se faz de diversas formas, seja interagindo com objetos, falando com outros personagens, e outras formas que já entram na parte de gameplay em si.
Nós somos providos de uma câmera e de um gravador, que podemos ativar quando quisermos. A câmera tem alguns ajustes de abertura, foco, zoom, entre outras coisas, mas o principal é o fato de que ela tira as fotos. Por meio das fotos, podemos preencher as páginas e também interpretar as coisas que ocorrem. O gravador funciona da mesma forma, só que vindo como um áudio.
Essas mecânicas nos incentivam a querem encontrar locais de importância narrativa do jogo (que são muitos), nos fazendo explorar mais e mais o mapa. Inclusive, o mapa do jogo é um pouco difícil de se localizar, o que não é ruim, é apenas bem realista, mas com as facilidades que temos atualmente, fica um pouco mais difícil de se entender algo mais antigo.
Mais uma obra de arte
A pouco tempo atrás, jogamos Neva, que é um jogo visualmente muito bonito, e Season segue a mesma linha, mas acredito que a beleza deste jogo vai ainda além. O que vimos Neva fazer em 2D, Season consegue fazer em um pequeno e denso mundo aberto. Usei essa comparação para exemplificar, mas as propostas são bem diferentes, não há muita comparação.
Existem alguns momentos do jogo em que vemos uns movimentos de câmera que são simplesmente cinema. O jogo possui um visual cartunesco que, ao mesmo tempo que em alguns momentos parece muito estático, em outros ele tem uma fluidez absurda, que deriva totalmente de uma direção de arte impecável. E o mesmo pode ser dito da trilha sonora, que se mistura com os sons ambiente de forma incrível.
Uma experiência memorável
Conforme disse mais acima, iniciar esse jogo foi uma experiência que pareceu um pouco tediosa, mas o decorrer deste jogo me mostrou como a percepção das coisas pode mudar de forma muito rápida. Como o jogo entrou no ritmo, me pegou de uma forma que não esperava.
Season: a letter to the future é uma experiência que acredito que eu não vá esquecer tão cedo e é mais uma prova do quão importante são os jogos indies, pois eles nos possibilitam ter essas experiências diferenciadas. Recomendo muito este jogo! E Nuuvem, não canso de te agradecer por me permitir ter esta experiência.
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