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Anos 90, Lara Croft reinava absoluta como a musa dos games, termo muito curioso pra época inclusive que exacerbava sensualidade como forma de vender jogos para um público que era em sua maior parte masculino. Porém a Lara Croft furou essa bolha e virou um ícone da cultura pop, vieram filmes com a Angelina Jolie e mais jogos, porém a qualidade da franquia foi caindo da mesma forma que a empresa original. A Core Design passou por diversas dificuldades até que o fiasco Tomb Raider: Angel of Darkness fez a Eidos mudar o estúdio responsável pelo desenvolvimento do jogo para a Crystal Dynamics.
Durante a segunda metade da década de 2000 até a primeira metade da década de 2010 jogos medianos foram lançados inclusive contando com um remake do primeiro jogo um tanto controverso para os mais puristas. Então em 2013 a Crystal Dynamics conseguiu colocar a franquia no radar da mídia novamente com o reboot em 2013. Mais uma trilogia se completou e novamente estamos naquele momento em que não sabemos exatamente qual será o futuro da Lara Croft.
Os Remasters
Tomb Raider I-III Remastered é o resultado dessa incerteza, voltar as origens e brincar com a nostalgia é normalmente uma jogada que se bem feito pode trazer bons resultados, remasters do Crash Bandicoot e Tony Hawk’s por exemplo fizeram bastante sucesso, são exatamente os mesmos jogos da época apenas com gráficos atualizados porém com quase o mesmo gameplay e ver pessoas que nunca tiveram contato com essas franquias na época tendo sua primeira experiência talvez seja a melhor parte.
Os primeiros Tomb Raider’s são jogos bem desafiadores, muito diferente do a franquia se tornou com o reboot que segue uma linha mais cinematográfica, os primeiros jogos são literalmente sobre exploração de tumbas, ou melhor labirintos. A geometria dos mapas não era pensada no realismo visto que na época ainda era um pouco incerto como trabalhar com jogos 3D e a forma como Tomb Raider trouxe foi algo revolucionário, tanto é que tivemos muitos outros jogos que pegaram conceitos da franquia e se tornaram jogos “tipo Tomb Raider” como Duke Nukem: Time to Kill e até mesmo Indiana Jones. Muitas vezes você vai se deparar áreas confusas e puzzles que não são muito óbvios, fazendo com que você fique um bom tempo procurando uma solução.
Apesar de algumas melhorias de qualidade de vida como alguns indicadores de interação que aparecem quando a Lara se aproxima de algum objeto interativo, o jogo mantém a estrutura de gameplay intacta, não há dicas, mapas, nada. É desafiador, porém acredito que seja bem recompensador também.
A origem
Tomb Raider 1 na minha opinião é um jogo muito experimental, tanto no sentido de controles, quanto no sentido de game design e fases. Lara passa por cenários como Egito, Peru, Grécia com diferentes climas e inimigos, e reforço essa diferença nos inimigos pois são dos mais insanos possíveis, lobos, dinossauros, gorilas só para citar alguns. Como os inimigos em sua maioria atacam somente ao entrar em contato com a personagem, o combate é muito focado em pular e atirar, algo que nos outros jogos foi um pouco mais complicado pois no Tomb Raider 2 por exemplo existem muitos inimigos com armas o que dificulta bastante escapar dos tiros.
Estrelando Lara Croft
Tomb Raider 2 expandiu a fórmula do original com gráficos aprimorados, mais armas, e uma variedade maior de locais, incluindo a Grande Muralha da China, Veneza e o Tibete. A inclusão de veículos, como um barco em Veneza, adicionou uma nova dimensão à jogabilidade. O jogo também trouxe um maior foco no combate, o que foi tanto elogiado por adicionar ação quanto criticado por afastar-se da exploração e dos quebra-cabeças que definiram o primeiro jogo. Apesar disso, Tomb Raider II foi um sucesso comercial e é frequentemente lembrado por introduzir novos elementos na série.
As Aventuras de Lara Croft
Tomb Raider 3 continuou a evoluir a série com ainda mais melhorias gráficas e uma ênfase renovada na exploração e nos quebra-cabeças. Este jogo levou Lara a locais ainda mais exóticos, como a selva da Índia, as ilhas do Pacífico Sul e a Antártida, cada um com seus próprios desafios únicos e inimigos. A adição de movimentos novos, como o rastejar e o sprint, juntamente com a capacidade de selecionar a ordem em que certas áreas do jogo eram exploradas, ofereceu uma liberdade sem precedentes aos jogadores. No entanto, a dificuldade aumentada e a curva de aprendizado íngreme foram pontos de controvérsia.
Remasterizado
Em relação a gráficos, pouco da para se notar em melhorias se todos os jogos dessa coleção forem jogados apenas com os novos gráficos (que são excelentes) visto que o jogo é bem padronizado utilizando a mesma qualidade em todos os três jogos, porém algo muito legal é a possibilidade de trocar entre os gráficos clássicos e os gráficos do remaster com apenas um botão, algo que muitas desenvolvedoras tem feito como em Diablo 2 Resurrected. Dessa forma para os mais curiosos é interessante ver como a evolução gráfica foi melhorando até o terceiro jogo que introduziu conceitos de iluminação bem avançados para a época por exemplo.
Um pequeno detalhe que notei é que ao jogar com os gráficos no modo clássico, a desenvolvedora optou por deixar um visual mais parecido com as versões do Playstation, mesmo que as versões de PC fossem superiores dando a possibilidade de suavizar texturas portanto ao ver os gráficos no modo clássico temos uma versão “pior” do que as versões de PC do jogo, mas acredito que tenha sido uma escolha proposital pelo fato das versões de Playstation serem mais conhecidas.
A Digital Foundry fez um excelente comparativo que demonstra exatamente o que quero dizer
Controles
Controles de tanque como chamamos hoje eram bem populares na época, e Tomb Raider originalmente utiliza desse padrão, quando fui jogar essas versões minha memória mecânica entrou em ação portanto não tive dificuldade nenhuma em rejogar nesse padrão, porém reconheço que para quem não está acostumado, pode parecer bem estranho. A Aspyr adicionou uma opção de controles modernos no jogo eu cheguei a testar, porém eu simplesmente não consigo me acostumar, acabei achando muito mais difíceis do que os originais.
Reconhecimento da comunidade
Gostaria de ressaltar que Tomb Raider I-III Remastered é o resultado do reconhecimento do trabalho do desenvolvedor Timur Gagiev que há anos trabalha em uma engine open source do Tomb Raider clássico chamado OpenLara, através do trabalho dele era possível rodar os jogos com gráficos atualizados e frame rate melhorado. A Aspyr, desenvolvedora do projeto do remastered, entrou em contato com o Timur para que ele liderasse o desenvolvimento do jogo, seria muito interessante se mais desenvolvedoras adotassem essa postura com a comunidade ao invés de solicitarem que projetos de fãs sejam interrompidos.
Nostalgia e alegria
Tomb Raider I-III Remastered é uma ótima coleção de jogos que atualiza de forma fiel os clássicos da franquia e principalmente ajuda a preservar a memória destes jogos tão importantes na indústria, agora vamos aguardar para que a Aspyr continue o excelente trabalho e também lance os Tomb Raider’s restantes o Last Revelation e o Chronicles, talvez até quem sabe uma versão melhorada do Angel of Darkness.
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