Alan Wake 2 – Primeiras Impressões

Nossas primeiras impressões de Alan Wake 2 são muito positivas. Ah, o texto a seguir não terá spoilers de Alan Wake 2, mas pode ter do primeiro jogo. Então, não se preocupe!

Sempre gostei muito de Alan Wake e da Remedy em um geral. Desde Max Payne 2. É uma das únicas produtoras das quais posso me orgulhar de ter jogado tudo o que ela teve a oferecer. Control, pra mim é o melhor jogo de 2019. E agora vem Alan Wake 2, que torna ainda mais robusto o Remedyverso, ou seja, o universo compartilhado entre jogos da Remedy.

Sem mais delongas, vamos às minhas impressões de cerca de 6 horas jogadas em Alan Wake 2.

Remedyverso

Primeiramente, não jogue Alan Wake 2 sem ter terminado o primeiro jogo e sem ter terminado Control. De preferência, tenha jogado as DLCs de Alan Wake e a DLC AWE de Control. Perde muito quem não tiver feito isso, pois o segundo jogo é pouco didático quanto às suas referências, sem ficar dando muita explicação para eventos do primeiro jogo.

Se você gostava muito de focar a lanterna e dar tiros em vários inimigos possuídos pelas florestas de Bright Falls ou de levitar e tacar coisas telecineticamente na cabeça de funcionários degenerados do Departamento Federal de Controle, segure suas expectativas! Alan Wake 2 toma uma direção totalmente diferente.

O foco do jogo é a investigação de eventos estranhos ocorrendo em Bright Falls, treze anos depois do primeiro jogo e também no processo criativo do autor Alan Wake. O jogo, inclusive, tem climas bastante diferentes entre os personagens jogáveis, Saga Anderson, uma detetive do FBI e Alan Wake, um autor que estava perdido no Lugar Obscuro há 13 anos (o mesmo tempo de distância entre os lançamentos).

Os ecos do passado estão em todo lugar.

Saga e Alan

As partes com Saga são bastante investigativas, puxadas para crimes reais (mas com as bizarrices que vão acontecendo em Bright Falls). Aqui o clima remete bastante a True Detective (série da HBO) e Se7en (filme com Brad Pitt e Morgan Freeman, dirigido por David Fincher), nos cenários campestres e florestais da pequena cidade de Bright Falls e em seus arredores.

Saga organiza sua investigação em um local separado, existente apenas na sua mente, chamado Lugar Mental. Lá, o jogador separa as pistas e evidências em pastas separadas, que se prendem à parede. Além de poder perfilar suspeitos e testemunhas utilizando a intuição. É uma parte muito bem feita, mas bastante simples, não tem nada de muito complicado a se fazer no Lugar Mental. O conteúdo, no entanto, é bastante engajante e vai aprofundando os vários casos bizarros investigados por ela.

Com Alan, a jogabilidade segue investigativa, mas com mais interações pelo cenário. O clima aqui é próximo do que se observa em Control, com cenas que vão mudando conforme o contexto e a interação de Wake com o ambiente.

Semelhantemente a Saga, o escritor possui uma área separada onde pode colocar suas ideias criativas em ação, pois o que acontece com ele no Lugar Obscuro é reflexo do que ele escreve em sua máquina de escrever.

Ambos os protagonistas enfrentam inimigos, mas de modo muito mais contido do que em hordas. Ao invés de balas que não acabam mais e inúmeros recursos, existe escassez e necessidade de se correr quando não se tem outra opção. Eu sinto uma vibe bem Resident Evil nos combates, e o body horror do jogo reflete ainda mais essa percepção, em especial em comparação a Resident Evil 7.

Inimigos ainda requerem a retirada da sombra para ficarem vulneráveis. Mas agora os danos causam lacerações na pele deles e o sangue jorra por todo lado. E os inimigos não aparecem sempre, havendo vários momentos em que não há inimigos próximos, porém, a tensão de ter que enfrentar alguém e utilizar a tão escassa munição deixa o jogador sempre na ponta dos pés.

As partes com Saga tendem a ter uma sobriedade visual.

Alan Wake 2 possui referências e mais referências

O jogo segue sendo um Thriller psicológico, como o primeiro, mas agora muito puxado para o terror, com sustos (jumpscares) e um clima bastante pesado. O jogo não tem pudor ao mostrar cadáveres com ferimentos horríveis e nudez.

Alan Wake 2 é um mar de referências e ligações a jogos anteriores da Remedy, inclusive a Max Payne, que foi produzido por ela, mas cujos direitos pertencem à Rockstar. Conhecer o universo da desenvolvedora leva a uma experiência ainda mais imersiva.

Graficamente, o jogo é soberbo no Playstation 5. Infelizmente, há a falta de Ray Tracing mesmo no modo qualidade. E, a ausência de reflexos em espelhos, o que é meio esquisito para um título de 2023. Devido à engine, semelhantemente a Quantum Break e Control, algumas texturas ficam “granuladas” em alguns momentos, o que pode ser um charme ou um problema, a depender de quem está jogando.

Mantendo o padrão do jogo anterior, a sonoplastia é fantástica e ajuda muito na imersão. Músicas tensas e barulhos inquietantes, bem como canções de final de parte que se assemelham a final de episódio de série mantêm o padrão lá no alto. O trabalho de dublagem dos personagens também é excelente. É um jogo com bons níveis de produção tecnicamente.

Alan Wake 2 não vai agradar a todos, e nem quer. É um survival horror com a pitada de esquisitice da Remedy e creio que tenda a ficar cada vez mais bizarro, se for seguir o padrão da empresa.

As partes com Alan Wake já têm um clima maior de sonho (ou pesadelo).

O que achou das nossas primeiras impressões de Alan Wake 2? Em breve, você vai poder conferir a análise completa do Save State de Alan Wake 2. Alan Wake 2 já está disponível para PC, PlayStation 5 e Xbox Series X/S.

Professor de História / Jogador de videogame nas horas vagas / Escritor de textões pela internet
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