Mars 2120 é um título que chegou ao mercado cercado de expectativas, especialmente entre os fãs brasileiros de Metroidvania e dos ouvintes do podcast 99vidas e ReloadingBR, dado o envolvimento de Bruno Carvalho como game designer e pelo estúdio o qual ele faz parte hoje em dia ser o mesmo que desenvolveu o jogo do próprio 99vidas lançado há alguns anos atrás que foi muito bem recebido pela crítica nacional e internacional.
Uma Promessa Visual Não Cumprida
Apesar de ser desenvolvido na Unreal Engine, Mars 2120 não impressiona visualmente. Embora haja momentos em que o jogo mostre algum potencial, como em certas áreas com efeitos visuais interessantes, há muitos problemas que deveriam ter sido resolvidos antes do lançamento. O jogo ainda tem uma sensação de “beta”, com detalhes que claramente precisam de mais polimento. Por exemplo, a diferença na qualidade das animações entre a personagem principal e os inimigos é gritante. Enquanto a personagem principal se move de forma fluida, os inimigos parecem operar em uma taxa de quadros inferior, o que quebra a imersão.
Outro ponto fraco é a ausência de um feedback visual convincente durante os combates. Quando a personagem atira, não há uma sensação de impacto ou peso nos tiros; a animação de “recoil” simplesmente não existe, o que faz com que o combate pareça superficial e sem vida.
Controles e Combate: Uma Experiência Frustrante
O combate em Mars 2120 é uma área que claramente precisava de mais atenção. Embora o jogo tente trazer um diferencial ao focar também em combates corpo a corpo, a execução deixa a desejar. A movimentação da personagem é um tanto “flutuante”, especialmente no uso do pulo duplo, que deveria ser mais preciso, dada a frequência com que é necessário. Esse controle impreciso é agravado pelos inimigos que, na maioria das vezes, não representam uma ameaça real. Eles frequentemente ficam parados, esperando para serem atacados, ou, em contraste, se lançam contra você de forma errática e imprevisível, mas sem proporcionar um desafio satisfatório.
As lutas contra chefes não melhoram a situação. Com padrões de ataque simples e previsíveis, a maioria dos chefes pode ser derrotada apenas bombardeando-os com tiros e algumas combinações de golpes corpo a corpo. Essas batalhas carecem de complexidade e raramente oferecem um desafio significativo.
Áudio e Localização: Medíocres
O design de som é outro aspecto que decepciona em Mars 2120. Logo na introdução, uma sequência que deveria impressionar, com um desmoronamento de rochas, é acompanhada por um efeito sonoro que parece amador e mal trabalhado. Essa falta de polimento se estende à dublagem em português, que sofre com atuações fracas e amadoras, o texto do jogo tem até mesmo erros de português infelizmente deixando claro a falta de uma revisão.
Pontos Positivos: Onde Mars 2120 Brilha
Apesar das críticas, Mars 2120 tem seus méritos. A estética geral, embora não seja revolucionária, consegue criar uma atmosfera coerente com o tema sci-fi. A música ambiente é agradável e complementa bem a exploração, e algumas das melhorias que você desbloqueia ao longo do jogo são interessantes e adicionam uma camada extra de estratégia.
Um Projeto que Precisava de Mais Tempo
Mars 2120 é um jogo que claramente tem paixão e esforço por trás de seu desenvolvimento, mas que, infelizmente, não cumpre todo o seu potencial. Em um gênero onde a concorrência é feroz, ele se perde em meio a problemas de controle, combate desbalanceado e uma apresentação audiovisual que deixa a desejar. Para um título que prometia tanto, especialmente vindo de um estúdio que parecia estar focado em qualidade, é decepcionante ver que ele foi lançado antes de estar completamente pronto.
Embora seja difícil recomendar “Mars 2120” no estado atual, há esperança de que, com atualizações e melhorias, ele possa se tornar a experiência imersiva e desafiadora que tantos esperavam. Até lá, é um jogo que só deve ser considerado por aqueles que já são fãs dedicados do gênero e estão dispostos a suportar suas falhas em troca de uma nova aventura em Marte.
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