Silent Hill 2 tem tudo o que um remake precisa ter – Review

Silent Hill foi uma das franquias que mais me aterrorizou na minha infância e uma das que mais me apaixonaram pelo gênero, e é óbvio que, principalmente por estes motivos, eu estava totalmente hypado para a chegada deste novo remake. Mais no início do ano, tivemos Silent Hill: The Short Message que foi um jogo gratuito muito interessante que me deixou ainda mais animado.

Porém, muita gente ficou com um pé atrás em relação ao remake do jogo que talvez seja o mais amado da franquia: Silent Hill 2. E um dos motivos deste pé atrás é por conta do estúdio que estava desenvolvendo o jogo: a Bloober Team. Este estúdio é especializado em jogos do gênero e teve alguns jogos questionáveis nos últimos anos, como o The Medium.

Porém, eu nunca duvidei da capacidade do estúdio e a razão disso pode ser compreendida utilizando algumas palavras: Layers of Fear. Este é um dos jogos de terror que mais me empolgaram nos últimos anos, com um primeiro jogo excelente e um segundo um pouco abaixo, mas ainda assim bom.

Porém, tivemos um remake recentemente que uniu a história dos dois jogos e foi simplesmente sensacional. E por mais que muita gente questione, tive uma boa experiência com The Medium, que é um jogo que teve boas ideias, muito inspirado em Silent Hill inclusive, e trouxe o estúdio para o mundo da terceira pessoa. E alguns dos erros deste jogo foram muito bem melhorados em Silent Hill 2.

A qualidade se mantém

É muito bom a sensação de ter razão, não é mesmo? E eu senti isso quando finalmente saíram as avaliações do jogo e eu estava correto em colocar fé na Bloober Team. Infelizmente não recebemos o jogo, mas a nossa grande parceira, a Nuuvem, fez a boa e nos deu uma chave do jogo. Valeu, Nuuvem!

E eu joguei este jogo como se não tivesse amanhã, mas devo admitir que não foi um jogo fácil de se jogar. E são poucos os casos em que um jogo é tão bom a ponto de tornar a experiência difícil, mas este é o objetivo desse jogo. É um jogo pesado, com uma atmosfera pesada, que lida com temas pesados. Resumidamente, é um jogo pesado.

Nele, controlamos James Sunderland, um homem claramente conturbado e que, inesperadamente, recebe uma carta de sua esposa Mary. Porém, a Mary havia morrido a três anos e a existência desta carta o deixa em dúvida sobre o que realmente aconteceu. Na carta, Mary alega que está esperando por ele em seu “lugar especial”.

E é aí que chegamos a famosa Silent Hill. Em busca de Mary, vamos precisar superar alguns pesadelos terríveis, enfrentar criaturas aterrorizantes, entre outras coisas perigosas nessa cidade “assombrada”. Nesta jornada, vamos conhecendo mais sobre o James, sobre sua relação com a Mary, e fazendo descobertas surpreendentes.

Mas não estamos totalmente sozinhos em Silent Hill, no caminho encontramos alguns personagens, com tantos problemas quanto o James, que tornarão a experiência de jogar este jogo ainda mais interessante. É impressionante o quanto um jogo tão antigo pode ter uma história tão complexa e pesada.

Gameplay aprimorada

Apesar de ainda ser um jogo “jogável” hoje em dia, é inquestionável que Silent Hill 2 não envelheceu bem com o passar dos anos. Muito pelo contrário. Então um remake, que hoje em dia tem sido muito questionado, cairia muito bem para este jogo. E chegamos ao ponto que mais um dos remakes do ano se tornou um dos melhores jogos do ano.

Um dos pontos que melhorou bastante, tanto em relação ao jogo anterior quanto em relação aos jogos anteriores do estúdio, foi a sua gameplay. Se formos pegar alguns jogos antigos do estúdio, a gameplay não incomoda muito por eram jogos em primeira pessoa do estilo “walking simulator”, onde não necessariamente podemos enfrentar os inimigos (quanto eles existem fisicamente).

Porém, alguns jogos como o próprio The Medium e o remake de Layers of Fear flertam com um combate, que acaba sendo bem decepcionante no geral. E felizmente, este foi um dos pontos de melhoria que vemos em Silent Hill 2. Neste jogo, podemos atirar com as armas que temos, dar golpes corpo a corpo, correr, girar o corpo rapidamente e desviar dos ataques.

Esse combate está anos luz de distância dos outros que já tivemos nos jogos do estúdio, e está bem melhor em relação ao jogo original. Temos diversos níveis de dificuldade em termos de combate e puzzle, mas na dificuldade padrão, o jogo requer um tempo de aprendizagem nos combates.

Depois de um tempo, podemos até pegar o set de ataques dos inimigos, pois eles acabam se repetindo, mas vez ou outra um ataque vai te pegar, ainda mais quando falamos de inimigos que tem sua presença mais espaçada no jogo. E isso é muito bom pois o desafio está sempre presente, mas sem ser punitivo, o que, novamente, é muito bom.

O James não é tão suscetível a ataques, tendo sua vida encerrada em alguns golpes, e por isso, além de tentar desviar dos ataques sempre que possível, é bom recuperar a vida antes que seja tarde demais. E para isso, temos um revigorante, que enche a vida moderadamente e uma seringa que enche totalmente a vida.

Mas estes itens não estão presentes em grande quantidade no jogo, e por isso, é bom utilizá-los com moderação, sempre pensando que o pior pode acontecer no futuro. E o mesmo vale para a munição das armas que encontramos na nossa jornada.

Silent Hill (cidade) evoluiu

Muito se comparou Silent Hill aos jogos da série Resident Evil, apesar haver uma clara diferença, mas no passado, uma das maiores diferenças era em relação aos cenários. Enquanto em Resident Evil tínhamos cenários mais fechados, em Silent Hill eles eram mais abertos e mais cheio de névoa rs.

Isso se mantém aqui, mas foi ainda mais aprimorado. Continuamos tendo uma boa liberdade de andar pelos cenários, mas eles estão ainda mais exploráveis do que no jogo anterior. Os mapas estão obviamente mais realistas em termos de estrutura e proporção, mas além disso, encontramos mais lugares acessáveis do que tínhamos no jogo originalmente.

Muitos dos locais que temos, possuem itens escondidos que vão nos ajudar bastante em nossa jornada. Por mais nada a ver que o local pareça, se formos neles, seremos recompensados de alguma forma, e isso faz com que a exploração seja muito mais satisfatória.

E apesar de termos novos cenários e ambientes no jogo, tudo está muito fiel ao jogo original, o que é muito bom para aqueles mais nostálgicos, mas também bom para aqueles que nunca o jogaram e que podem ter uma experiência bem fiel a tudo aquilo que o jogo original propõe.

Visual e som supreendentes

Não é novidade que a Bloober Team consegue fazer bons gráficos, vide Layers of Fear, mas o estúdio igualmente provou que pode fazer jogos com um visual bem questionável. Felizmente, Silent Hill 2 é o ápice em termos gráficos da história do estúdio, e um dos jogos mais bonitos que temos no mercado.

Os cenários são muito belos, ao mesmo tempo que são bem macabros, cheio de detalhes na ambientação que tornam a experiência bem verossimilhante e imersiva. O estúdio caprichou nas texturas dos cenários neste jogo, além das modelações bem-feitas. A interface, inclusive, se integra muito bem aos cenários sem parecer forçada.

As partículas que temos no jogo são igualmente impressionantes, com folhas voando de forma realista, uma água realista, ventos que quase dá para sentir, insetos que, inclusive, interagem com a luz que emitimos, e é claro, não posso deixar de falar da névoa que é o cerne de Silent Hill.

E outro ponto alto que temos em relação a carreira do estúdio são os personagens que encontramos no jogo. Todos são muito bem modelados, proporcionalmente bem realistas e animados de forma bem surpreendente. A forma como interagem com o cenário, como interagem com outros elementos do jogo, inclusive outros personagens, o movimento dos cabelos, tudo aqui é muito bem-produzido e merecem todo o mérito por isso.

E a trilha sonora? Nossa, esse era um dos pontos fortes do jogo original, e neste jogo, temos novamente a presença do Akira Yamaoka, que já tinha trabalhado com o estúdio em The Medium e retorna triunfalmente para a franquia. Então pode esperar clássicos do jogo original refeitos com maestria e novas músicas que tornam a experiencia sensacional.

E tudo isso ganha ainda mais impacto quando temos a presença de um sound design de alto nível, com efeitos sonoros que vão te aterrorizar, desde sons presentes nos cenários que atravessamos, passos e até mesmo o som dos monstros do jogo. É bastante recomendado a utilização de um fone de ouvido, mas se, assim como eu, tiver um bom palco sonoro em casa, pode ter certeza de que este jogo vai te trazer uma experiência muito boa.

Afinal, valeu a pena?

Essa foi uma das esperas mais recompensadoras dos últimos anos, o retorno da franquia Silent Hill tem trazido bons frutos recentemente. Tivemos um bom The Short Message e agora temos um excelente Silent Hill 2. Zerei o jogo em cerca de 17 horas, mas o fator replay é bem grande, com diversos finais, antigos e novos, além de novas armas liberadas no end game.

O jogo tem dois modos gráficos que priorizam a qualidade e a performance, respectivamente, e neste sentido, ouvi algumas pessoas que ligam mais para estas coisas reclamarem um pouco. A minha experiência nesse sentido? Não poderia ser melhor! Se estava em dúvida se valia a pena investir neste jogo, só posso dizer uma coisa: Vai fundo!

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