Spider-Man: Miles Morales – Review

Quem é que não quer ser um super-herói? Spider-Man: Miles Morales traz o icônico Homem-Aranha de volta em um jogo para Playstation 4 e Playstation 5, só que, desta vez, encarnamos Miles Morales, e não Peter Parker.

Veja logo abaixo o nosso review de Spider-Man: Miles Morales, em preparativos para o lançamento do próximo jogo do herói!

Harlem, Nova York

Peter Parker, o Spider-Man original, decide tirar umas férias na Europa, e conta com Miles Morales, o “novo Spider-Man”, para vigiar Nova York enquanto isso. Miles é jovem e ainda está dominando seus poderes, que excedem somente as teias, o sentido aranha e força superior.

Vivendo no Harlem, um bairro nova-iorquino de Manhattan, conhecido por sua cultura afro, Miles tem grande senso de responsabilidade com seus vizinhos. O jogo possui um caráter bastante inclusivo em seu universo, com prevalência de personagens negros, mensagens de luta contra o racismo e até mesmo uma personagem surda, com o uso de língua de sinais. Em um mundo onde as palavras inclusão e diversidade são de suma importância, Spider-Man: Miles Morales não se esconde, e é uma celebração da diversidade.

Cheio de graffiti pelas ruas de Nova York, o enorme mural “Black Lives Matter” se destaca. Imagem de @neto_btu

Além da pauta social, a ambiental também é muito presente no jogo, visto que há uma discussão sobre fontes energéticas. Uma megacorporação chamada Roxxon atua como uma das vilãs do jogo, com o desenvolvimento de uma fonte de energia chamada Nuform, cujas origem e pesquisa são mais sinistras do que aparentam.

Do outro lado, há um grupo paramilitar e fora da lei chamado de Underground, liderado pelo super-vilão do jogo: Tinkerer. O Underground planeja derrubar a Roxxon e impedir o uso do Nuform, e Miles Morales acaba se envolvendo nessa guerra, ou seja, se enrolando todo nessa teia de conspirações (desculpem, não resisti).

A trama em si é simples e bastante corriqueira para um jogo de super-herói, porém traz uma boa profundidade aos personagens, com os dilemas familiares e de amizades de Miles vindo à tona em diversos momentos do jogo, criando uma boa conexão do personagem digital com o jogador.

O outro Spider-Man

Ainda buscando a confiança dos nova-iorquinos, o Homem-Aranha de Miles Morales é tido quase como um impostor: as pessoas não o levam muito a sério, e algumas ficam até desapontadas quando é ele quem aparece para salvar o dia. Ele não é, no início do jogo, o Spider-Man em si… Ele é o “outro” Spider-Man, como muitas vezes é chamado pela população.

Ser o outro Spider-Man implica para Miles grande responsabilidade. Peter o tem como uma espécie de protegido, tanto é que espalha por Manhattan vários treinos holográficos e acompanha os acontecimentos à distância em alguns momentos do jogo. Esses treinos ajudam Miles a melhorar suas perícias e adquirir novas e únicas habilidades.

Spider-Man, o professor holograma. Imagem de @neto_btu

Além de suas habilidades aracnídeas, semelhantes à do Spider-Man de Peter Parker, Miles também possui habilidades elétricas, chamadas de Venom. Com esse poder, ele se torna ainda mais poderoso, desferindo socos eletrificados e atingindo inimigos em área, além de ser crucial para o avanço em missões que requerem o uso do choque no intuito de parar a Roxxon, o Underground ou ambos.

Para utilizar Venom, Miles Morales deve encher uma barra que fica na HUD do jogador, desferindo socos, desviando de golpes e até mesmo fazendo acrobacias pela cidade. Ele também serve para recuperar a saúde do personagem, com o toque de um botão. Utilizar o poder Venom é muito bom no calor de uma batalha, e eu só gostaria que ele se enchesse com mais rapidez, pois em vários momentos os inimigos são muitos, e o jogador acaba tendo que utilizar o poder para se curar, ao invés de desferir um socão eletrificado.

Com grandes poderes, vem grandes responsabilidades

Para se livrar de muitos inimigos perigosos, Miles pode ser sorrateiro e invisível, com um poder de camuflagem. O stealth em Spider-Man: Miles Morales começa muito frio e ruim, mas, com o passar do tempo, adquirindo novas habilidades e novos itens, fica bastante satisfatório eliminar dezenas de inimigos dessa forma.

Esse tipo de combate furtivo bebe bastante da fonte da série Batman Arkham, pois também prioriza o posicionamento acima dos inimigos, para prendê-los em teias e distraí-los, deixando-os vulneráveis. Apesar de ficar fluído, em diversos momentos Miles não respondia ao meu comando de prender os bandidos na teia, o que me parece ser um bug não corrigido – e olha que o jogo já saiu faz tempo.

O jogo apresenta ao jogador quatro ítens diferentes. Um deles eu achei bastante inútil, que é a criação de bonecos holográficos para atrair inimigos, quase não usei. O outro é o clássico tiro de teia, que serve para enrolar inimigos e prendê-los a objetos e paredes próximos – acabei não usando tanto. Já o Poço de Gravidade e a Mina Remota são de grande valia.

O primeiro junta inimigos próximos, facilitando o uso de golpes em área utilizando Venom, e o segundo explode com ativação à distância, muito bom em momentos stealth.

A pequena Árvore de Habilidades de Miles Morales. Imagem de @neto_btu

A batida da cidade

A melhor sensação possível ao se jogar um jogo de super-herói é sentir-se como aquele personagem que líamos nas HQs e víamos nos filmes e desenhos animados. E o que melhor para se sentir o Homem-Aranha do que se balançar entre os prédios de Nova York?

Usando suas teias, Miles Morales balança por aí acrobaticamente para chegar a seus objetivos e salvar o dia mais uma vez. Seja derrubando um laboratório secreto da Roxxon, colocando abaixo um esconderijo do Underground ou salvando um gatinho. Afinal de contas, o Amigão da Vizinhança não faz diferença entre ninguém.

Por sinal, Miles possui um smartphone onde pode olhar um aplicativo desenvolvido pelo seu amigo geek (Ganke), chamado, justamente, Amigão da Vizinhança. Ele é tão popular que está entre os vinte e quatro aplicativos mais baixados em Nova York! Nele, os cidadãos podem pedir os mais diversos tipos de ajuda, seja para tirar uma selfie, seja para encontrar seu carro perdido. E também avisam sobre crimes que estão acontecendo em tempo real.

O Amigão da Vizinhança em mais uma missão de salvar a cidade.

Essa é a parte mais legal do jogo, por sinal: fazer-se de útil para a população, com aquele jeito leve e descontraído do Spider-Man. Balançar pela cidade atrás de objetivos, sejam extras, sejam principais, é extremamente satisfatório. Tão satisfatório que atravessar a cidade torna-se um prazer, e não uma tarefa chata: quase não utilizei viagens rápidas – e tem pontos aos montes para isso.

O som e atividades fazem a cidade ser viva

Interessante notar, também, o trabalho de som da equipe para quando estamos balançando por aí: um hip hop heróico, que reflete bastante da personalidade de Miles Morales.

Ou seja, tudo ajuda para que queiramos sair lançando teia entre prédios e, quanto mais o jogo avança, e mais missões secundárias e atividades extras fazemos, mais habilidades de web swing obtemos.

Há também atividades que estão espalhadas pela cidade, todas bastante rápidas e simples. Algumas, no entanto, não são tão boas. Como as de encontrar um som para fazer uma batida (não é muito intuitivo, e é algo que deveria ser, nesse caso). E, alguns crimes pela cidade acabam levando mais tempo do que deveriam, como os de salvar helicópteros desgovernados.

Mesmo assim, as atividades são bastante fluídas e a vontade é de se completar o mapa inteiro: afinal de contas, o jogo é curto. Mesmo fazendo todos os objetivos extras, dificilmente alguém levará mais de 20 horas para concluir Spider-Man: Miles Morales.

Pontos icônicos de Nova York aparecem durante a exploração da cidade. Imagem de @neto_btu

Teia, choque e neve

Passando-se no inverno congelante de Nova York, Miles Morales se passa em cenários cheios de neve. Confesso que não é o meu tipo de ambientação favorita. E, em vários momentos isso deprecia a beleza do jogo, por dar uma aparência acinzentada demais para a cidade, em especial quando está à noite. Eu senti certa inconsistência de qualidade gráfica em vários momentos. Em locais internos, é tudo muito bonito, enquanto fora, em determinados momentos, o cenário deixava a desejar.

Mesmo assim, na maior parte do tempo, o jogo se apresentou bastante bonito. Inclusive, tem como escolher o tipo de performance gráfica desejada, inclusive com Ray Tracing ativado no Playstation 5, mas travado a 30 quadros por segundo. Preferi, como quase sempre, jogar no modo performance, perdendo um pouco de qualidade gráfica. Mas, priorizando uma experiência mais fluída. Mesmo com algumas quedas de performance aqui e ali em determinados momentos.

O trabalho sonoro do jogo é muito bom, com ótimas músicas e uma boa dublagem de personagens. O ponto baixo fica pela poluição sonora que o tanto de ligações que Miles Morales recebe, bem como os muito irritantes podcasts de jornalistas que pipocam a todo momento (esses, felizmente, são desativáveis pelo menu de opções).

O nosso Spider-Man

Spider-Man: Miles Morales é um jogo muito bom. Tão curto que poderia ser uma DLC do seu irmão mais velho, o próprio Spider-Man, aquele com Peter Parker. A mensagem extremamente positiva do jogo em relação a diversidade e inclusão, bem como uma trama bastante pessoal para Miles Morales, fazem com que a escolha de ser um jogo completo se justifique.

Afinal de contas, fica difícil de enjoar em um jogo tão curto, porém tão satisfatório. Fica aquele gostinho de quero mais, que, em breve, saciaremos em Spider-Man 2.

Miles Morales, o “nosso” Spider-Man. Imagem de @neto_btu

Marvel’s Spider-Man: Miles Morales está disponível para PlayStation 4, PlayStation 5 PC.

Professor de História / Jogador de videogame nas horas vagas / Escritor de textões pela internet
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