Diablo 4: Vessel of Hatred – Ainda precisa melhorar

A série Diablo tem uma longa história de altos e baixos, e eu posso dizer que acompanhei essa evolução de perto. Mesmo sem ser um fã que jogou o primeiro jogo no Windows 95, passei um bom tempo absorvendo tudo relacionado à franquia, desde rejogar todos os títulos até experimentar sucessores espirituais como Path of Exile. Com o lançamento de Diablo 4 em 2023, minhas expectativas estavam altas, e a experiência inicial foi positiva, apesar de um final pouco empolgante.

Agora, em 2024, temos a DLC Vessel of Hatred, e é hora de analisar se ela consegue elevar Diablo 4 ou se apenas reforça as críticas anteriores.

A História e o Mundo de Kurast

O enredo de Vessel of Hatred segue uma linha familiar para os fãs de Diablo 2. O paralelo é inevitável: no segundo jogo, perseguíamos o herói corrompido pelo espírito de Diablo, enquanto aqui seguimos Neyrelle, agora portadora de Mephisto aprisionado. A ideia é interessante, mas a narrativa se perde em um mar de personagens e locais que acabam se tornando esquecíveis e desconexos. Em vez de mergulhar o jogador em um conflito envolvente, a história parece mais uma sucessão de acontecimentos e nomes que carecem de impacto real.

A nova região de Kurast é um ponto alto visualmente. Retirada do Ato 3 de Diablo 2, a área foi adaptada para o mundo aberto de Diablo 4 com bastante cuidado, mantendo sua atmosfera sombria e selvagem. No entanto, apesar da fidelidade visual, falta um senso de descoberta que torne a exploração realmente interessante.

A Nova Classe: Natispíritos

A principal novidade de Vessel of Hatred é a introdução dos Natispíritos, uma classe versátil e feroz, que traz um toque de originalidade ao combate corpo a corpo. Os Natispíritos utilizam uma combinação de três ataques em sequência para realizar combos poderosos e fluídos. Sua arma preferida, a glaive, permite ataques de curto alcance devastadores, enquanto sua habilidade de canalizar a “Ira Espiritual” adiciona uma camada tática às lutas.

Essa classe se destaca por sua conexão com os Guardiões Espirituais, entidades que simbolizam aspectos da natureza. Dependendo da situação, o Natispírito pode invocar o Guardião mais adequado, como o Gorila para força bruta, o Jaguar para agilidade, a Águia para vigilância ou a Centopeia para habilidades de suporte. Com o sistema de Encarnação, o jogador incorpora o poder desses Guardiões, recebendo bônus específicos que variam de acordo com o Guardião invocado. Isso oferece flexibilidade e permite que a classe se adapte rapidamente às situações de combate.

Progressão de Personagem e Combate

Um ponto de crítica tanto para o jogo base quanto para a DLC é a progressão de personagem e o level scaling dos inimigos. Nos clássicos da série, enfrentar inimigos de níveis mais altos em novas áreas gerava uma sensação de desafio e tensão constante. Em Diablo 4, o level scaling faz com que os inimigos acompanhem sempre o seu nível, o que torna o jogo monótono e reduz a sensação de perigo. Você não tem aquele receio de avançar para uma nova área, pois os inimigos nunca são uma verdadeira ameaça.

Em relação ao combate, os Natispíritos adicionam um toque acrobático e dinâmico, com habilidades que incentivam a ação direta. Isso é complementado pelo sistema de Arquetipos, onde você pode personalizar a classe e seus atributos com base nas habilidades dos Guardiões. Apesar de essa abordagem trazer um frescor ao combate, o sistema geral permanece simples demais para os veteranos que esperavam algo mais estratégico.

Os chefes continuam a ser o principal desafio do jogo, e alguns encontros são realmente bem elaborados, exigindo planejamento e adaptação. No entanto, mesmo na dificuldade “Difícil”, os desafios não são nada além do esperado, o que é um ponto a se considerar para jogadores mais experientes.

Conclusão

Vi muitos jogadores empolgados com o lançamento de Vessel of Hatred, alguns até considerando-a um novo começo para Diablo 4, como se fosse quase um Diablo 5. No entanto, a realidade é que se trata de uma expansão modesta que não resolve os problemas de design mais profundos do jogo base. Enquanto outros jogos do gênero, como Path of Exile 2, estão avançando e reinventando suas fórmulas, Diablo 4 ainda se prende a um modelo de game as a service caro, que pede ainda mais dinheiro por conteúdos adicionais sem entregar um valor substancial.

Vessel of Hatred é um passo interessante para os fãs que desejam explorar mais do universo de Diablo, mas não é o salto necessário para redefinir a franquia. Se você já está investido no jogo base, a nova classe Natispírito e a expansão de Kurast podem ser suficientes para manter seu interesse. Caso contrário, pode ser sensato esperar para ver se futuras expansões ou atualizações trarão mudanças mais significativas.

Meus jogos favoritos são visual novels.
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