Yakuza, quer dizer, Like a Dragon, está de volta com mais um lançamento em 2023 com The Man Who Erased His Name. Por se tratar de uma sequência de uma série extremamente dependente de sua história, podem haver spoilers de jogos anteriores, mas não do novo, ok?
Joryu, Agente Especial
Like a Dragon Gaiden começa algum tempo após o final dos eventos de Yakuza 6: The Song of Life. Diferentemente do último lançamento principal da série, Yakuza: Like a Dragon (tudo bem, eu entendo que anda tendo uma confusão de nomes com essa série no ocidente), voltamos a controlar Kazuma Kiryu, o icônico personagem principal da série desde a época do Playstation 2.
Kiryu, agora chamado de Joryu devido ao seu acordo com a facção Daidoji (uma espécie de grupo político-militar-espião) para que ele fosse dado como morto no final do último jogo do personagem, passa seus dias meditando em um templo e, ocasionalmente, é convocado para servir de agente em missões perigosas.
Tentando se proteger com o anonimato, sempre visando a proteção daqueles que ama, Joryu não tira seu disfarce, que é algo meio Super Homem: somente óculos escuros e um terno típico de agente especial. No entanto, em uma dessas missões perigosas, seu paradeiro e sua verdadeira identidade são revelados para membros da Yakuza.
É um spin of?
A história de Like a Dragon Gaiden é exatamente o que se espera de um jogo da série, porém muito mais contida e com menos personagens e reviravoltas. Certamente um aspecto do pouco tempo de produção do jogo (foi dito que ele foi feito em seis meses) e também da característica de filler, já que o objetivo principal é situar Kiryu na trama dos eventos de Yakuza: Like a Dragon. No próximo jogo, Infinite Wealth, ele será co-protagonista com Ichiban.
Apesar da curta jornada e de uma história menos ousada e noveleira do que é o normal da série, os eventos ainda são muito bem escritos, os diálogos seguem sendo de alto nível e há algumas reviravoltas (umas esperadas; outras, não) que mantêm o jogador querendo saber o que vai acontecer em seguida. Além disso, voltar a controlar o Dragão de Dojima, Kiryu, é motivo o suficiente para jogar Gaiden.
A pequena Sotenbori
Durante quase todo o jogo, Kiryu (ou Joryu, a depender do seu grau de intimidade com o personagem) estará caminhando, correndo, comendo, se divertindo, bebendo e descendo a porrada por Sotenbori, região de Kansai já conhecida dos velhos fãs da série.
Repetindo o padrão da franquia, a cidade é cheia de restaurantes, bares e atividades. O jogador é incentivado a passear pela cidade e conhecê-la ao máximo durante as missões principais e paralelas.
Essa característica de Like a Dragon é muito importante, pois traz uma imersão que torna um simples brawler em um jogo de RPG e simulação. Não se engane: Yakuza (Like a Dragon) não é uma série sandbox, nem é o GTA no Japão, nem é um jogo somente de dar porrada.
Os minigames são os já famosos da série, como golfe, autorama, fliperamas, máquinas de garra (aquelas de pegar bichinhos de pelúcia) e outros, bem como os restaurantes são clássicos da série. Isso deixa os jogadores mais experientes confortáveis, pois Sotenbori continua sendo Sotenbori, sem grandes mudanças entre um jogo e outro. Outros podem achar que é algo repetitivo, mas Gaiden ainda possui mais uma área importante.
O barco à deriva
Além de Sotenbori, os jogadores vão experimentar uma nova região, o cassino no meio do mar chamado Castle. Lá, além de apostar forte no poker, em partidas de Mahjong (boa sorte para entender direito como jogar) e comprar figurinos na butique, os jogadores também se divertirão (e ficarão ricos) na Arena, onde os mais fortes lutadores recrutados pelos clãs estarão te esperando.
As lutas possuem cronômetro e diversas regras para ganhar cada vez mais. É uma fonte muito boa de receber dinheiro, afinal, tudo em Gaiden custa uma boa grana. Há lutas solo e também em grupo. Diferentemente de lutas em grupo de jogos anteriores, elas não adotam um formato tático, mas sim com o jogador controlando um personagem e os outros auxiliando no combate com suas características.
Castle é um lugar de prazeres, de luxúria, de corrupção… Um lugar de yakuzas e de quem possa pagar por tudo isso. A inspiração é claramente Las Vegas. Dentro do Castle é possível ver pessoas deslumbradas com o show de luzes e cores, bem como outros sendo escravizados e que se afundaram em dívidas por lá. Como sempre, Kiryu e o jogador conseguem ter percepções bastante amplas da sociedade japonesa através dos jogos.
A Dragon Engine nas batalhas de Like a Dragon Gaiden: The Man Who Erased His Name
Uma das coisas que mais desagradavam nos jogos anteriores na Dragon Engine (Yakuza 6 e Yakuza Kiwami 2) era o fato do combate, apesar de muito estiloso e bonito, ser muito simples em relação aos feitos na engine antiga, em especial em Yakuza 0 e Yakuza Kiwami, onde podíamos trocar de estilo de luta, dando uma boa profundidade nas batalhas.
Gaiden vem para mudar essa percepção, adicionando o peso das batalhas dos jogos antigos com o visual do novo, além de dar seu toque único. Parte importante dos jogos da série, o combate brutal de Like a Dragon é importantíssimo para os jogadores.
Kiryu, agora um agente, pode usar o estilo de batalha próprio da Yakuza, com golpes fortes, certeiros, ganchos, chutões e agarrões em seus inimigos. Ele também conta o estilo de batalha próprio dos agentes da Daidoji, muito mais rápidos e que conta com engenhocas próprias, como drones, cigarros explosivos, jatos nos pés e um fio para agarrar os inimigos. Nesse ponto, o jogo em diversos momentos faz parecer que Kiryu possui características de super herói, e isso é sensacional. Afinal de contas, quem conhece a série, sabe que ele é isso mesmo.
Essa possibilidade de alterar entre estilos adiciona uma boa dose de profundidade ao jogo, bem como uma boa variedade. E, com a Dragon Engine, tudo é muito fluído, bonito, cheio de vida e brilho.
A Rede Akame
Os fãs mais antigos estão acostumados a encontrar pontos de interrogação pelos mapas da série e então iniciar uma Substória, ou seja, uma missão paralela. Em Gaiden, Kiryu obtém essas missões através de uma rede do submundo controlada pela personagem Akame. Isso é uma boa mudança para uma série onde poucas personagens mulheres são chave para o andamento.
Há de tudo: desde buscar comida e dar para alguém com vontade, encontrar itens escondidos, tirar fotos de locais específicos ou missões mais longas que envolvam bater em alguém e depois esperar para ver o que acontece. Gaiden segue a linha dos anteriores, mas fica bem claro que faltou tempo ao Ryu Ga Gotoku Studio para realizar melhor essas histórias. Os diálogos são bons, há muita coisa engraçada, há lições de moral e tudo mais, mas fica aquela sensação de que faltou algo para ser tão bom quanto o que a série normalmente entrega.
É necessário que o jogador, em conjunto com as missões principais, faça várias das demandas da Rede Akame, pois elas rendem ótimas recompensas, tanto em dinheiro quanto em Pontos Akame, necessários para obter novas habilidades e comprar algumas coisas na loja especial da própria. Por sinal, esse sistema de upgrade, via dinheiro e pontos Akame, é muito melhor do que em somente pontos de experiência, como acontecia anteriormente, ou a salada de frutas que foi em Yakuza 6. Ponto para Gaiden, que encontrou uma forma bastante equilibrada para um sistema crucial da franquia.
Um homem pode apagar seu nome, mas nunca sua história
Like a Dragon Gaiden: The Man Who Erased His Name é um excelente jogo, ainda mais se considerado que é meramente um filler para o que virá pela frente. Não é um spin of, mas sim uma história que pretende preencher um buraco. O jogo é aberto para novos e antigos fãs, porém estes últimos conseguirão curtir e entender muito mais todas as referências do que aqueles.
Com todos os textos traduzidos em português, excelente trilha sonora e visuais incríveis, Gaiden é um jogo obrigatório para quem gosta da série, para quem tem curiosidade e para quem gosta de cultura japonesa.
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